Diego Lara trabalhou na região e deseja ver de perto como ela se recuperou
(Arquivo Pessoal)
O caminho da lama da maior tragédia socioambiental do país, após o rompimento da barragem de Fundão, em Mariana, região Central, será percorrido de bike por um biólogo mineiro a partir deste sábado (4). Diego Lara, de 39 anos, vai passar pelas cidades atingidas entre os rios Gualaxo do Norte e Doce, em uma expedição de dois dias. Serão dez cidades, distritos e vilarejos, somando 130 quilômetros de pedal.
Casado, pai de uma menina e morador de Santa Luzia, na Grande BH, Diego tem uma relação direta com os atingidos, principalmente os de Bento Rodrigues. Por três anos, antes do desastre, ele foi responsável por um viveiro de mudas, focado em recuperação ambiental. Dez pessoas ajudavam na empreitada.
Enquanto essa futura meta segue distante, ele pretende reunir vasto material sobre as atuais condições das localidades invadidas pelo tsunami de rejeitos de minério, que deixou 19 mortos e devastou o meio ambiente em 2015. O luziense quer ver como está o processo de recuperação da área, não só em aspectos ambientais, mas culturais e sociais. “Eu vi toda a região antes, durante e agora vou ver de novo”.
De última hora, a aventura ganhou a companhia do primo João Pedro, o que foi um alívio para a família. “De início, minha esposa e meus pais ficaram aflitos. Mas estou indo acompanhado, e agora eles estão por dentro de tudo, dando a maior força”, conta o biólogo.
Os dois vão sair de Mariana neste sábado, por volta das 6h, rumo à cidade de Rio Doce, já na Zona da Mata. O objetivo é fazer paradas rápidas, apenas para comer e conversar com pessoas da região. Toda alimentação da dupla será nos locais visitados, uma outra forma de conhecer mais a cultura local. Mesmo assim, estão levando suprimentos de apoio.
Confira o trajeto:
A ideia inicial é pedalar até 18h, dormir em Barra Longa e encerrar a jornada no dia seguinte - data em que a tragédia completa oito anos -, após mais algumas horas de pedaladas.
E haja preparação física! Mas isso não é problema para o mineiro, que pedala há mais de 10 anos e está acostumado a correr. “Gosto de provas longas. Já fiz campeonatos de 150km. É uma coisa que me motiva”, conta Diego.
O biólogo se emociona ao falar sobre a tragédia e revela que "novembro" mexe muito com ele.
Para quem deseja acompanhar essa aventura, Diego vai registrar tudo no Instagram. E não para por aí. Depois ele pretende produzir um curta metragem, de até sete minutos.
* Estagiária sob supervisão do editor Renato Fonseca