Bisbilhotice dos EUA: documentos comprovam que agência espionava presidente Dilma

Editorial
03/09/2013 às 06:47.
Atualizado em 20/11/2021 às 21:35

Ficou mais difícil para o presidente dos Estados Unidos convencer a opinião pública mundial – sobretudo no Brasil – sobre o conteúdo moral de seu discurso, feito no último sábado, para justificar uma guerra contra a Síria. Recentemente, ao ser confrontado pelas revelações de um ex-técnico da NSA, Edward Snowden, o presidente Barack Obama admitiu a espionagem dessa agência dos Estados Unidos na Internet, mas garantiu que as mensagens não eram lidas.

Parece que ele mentiu, no caso da espionagem promovida pela Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos (NSA). No último domingo (1º), o Fantástico, da "Rede Globo", divulgou reportagem, feita com participação do jornalista britânico Glenn Greenwald, correspondente no Brasil do jornal "The Guardian", que foi o responsável pela divulgação dos documentos secretos de Snowden.

Os documentos agora revelados, datados de junho de 2012, mostram que foram alvos da NSA a presidente Dilma Rousseff e o presidente do México, Enrique Peña Nieto, que na época liderava as pesquisas eleitorais. Os documentos classificados como ultrassecretos faziam parte de uma apresentação interna para funcionários da agência.

Segundo o Fantástico, teria sido monitorada a comunicação entre Dilma e seus assessores, bem como dos assessores com outras pessoas. A NSA teria utilizado programas capazes de capturar o conteúdo de e-mails, com o objetivo de “melhorar a compreensão dos métodos de comunicação e dos interlocutores da presidente e seus principais assessores”. Na última página da apresentação, acrescenta a reportagem, a agência conclui que o método de espionagem usado é “uma filtragem simples e eficiente que permite obter dados que não estão disponíveis de outra forma e que pode ser repetida”.

Para evitar que isso se repita, talvez não baste a indignação da presidente da República, que no domingo mesmo se reuniu com o ministro da Justiça, José Eduardo Cardoso Alves, para discutir a reação do governo. Segundo o ministro, se forem comprovados esses fatos, estaremos diante de uma situação inaceitável, de “clara violência à soberania do nosso país”.

O ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, anunciou que os Correios deverão lançar no segundo semestre de 2014 um sistema nacional de e-mail mais confiável do que os existentes atualmente, controlados por empresas dos Estados Unidos. Muito bom, se a bisbilhotice internacional não for substituída pela bisbilhotice nacional.

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