Um sacerdote mineiro que atuou como bispo de Janaúba, no Norte de Minas, foi preso nesta segunda-feira (19), pela Polícia Federal, dentro da operação Caifás. A investigação é sobre desvios de cerca de R$ 2 milhões por membros da administração central da Diocese da cidade goiana de Formosa, onde o sacerdote atuava atualmente, e de paróquias associadas.
Também foram presos quatro padres e um monsenhor. Eles são acusados de desviar dinheiro da Cúria - setor católico onde ficam os recursos como dízimos, doações, taxas como batismo, casamento, entre outras, e de arrecadações festivas de dinheiro de fiéis.
A investigação começou após denúncias sobre o aumento significativo das despesas da igreja (de R$5 mil para R$35 mil), a partir da posse do bispo mineiro, em 2015. De acordo com a Polícia Federal, parte do recurso foi usada para aquisição de uma fazenda de gados e casa lotérica em nome de laranjas.
Em dezembro do ano passado, católicos de Formosa organizaram um protesto para que os fiéis não repassassem o dízimo, até que houvesse prestação das contas da diocese. Outro questionamento da população era sobre os rapazes que moravam com o bispo - eram três homens conhecidos como filhos do sacerdote.
As contas bancárias dos suspeitos foram bloqueadas, por decisão da Justiça goiana. Somente na conta de um dos padres havia o saldo de R$ 400 mil. A Arquidiocese de Montes Claros, que coordena as igrejas do Norte de Minas, não se pronunciou sobre o assunto, pois os bispos estão em retiro espiritual. Já a Arquidiocese de Formosa não atendeu às ligações da reportagem.
Valor pode ser maior
Por determinação do Ministério Público (MP), policiais civis cumpriram 13 mandados de prisão e 10 de busca e apreensão nos municípios de Formosa, Posse e Planaltina, em residências, dependências da diocese e em um mosteiro.
Segundo o MP, com o avanço das apurações, é muito provável que a quantia subtraída pelo grupo criminoso supere a estimativa informada pela assessoria de imprensa do órgão. O número preciso deve ser conhecido dentro de uma semana, quando o processo será protocolado.
O nome da operação é uma alusão a Joseph Caiaphas que, de acordo com a Bíblia, foi o sumo sacerdote que entregou Jesus a Pôncio Pilatos.
A Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) ainda está avaliando o caso, por meio de sua assessoria jurídica, e não deve se manifestar neste momento. A assessoria de imprensa da Arquidiocese de Belo Horizonte afirmou que a Igreja Católica em Minas Gerais não deve se manifestar sobre o assunto.
(Com Agência Brasil)