LA PAZ - O governo boliviano afirmou nesta quarta-feira (18) que o cidadão americano Jacob Ostreicher, detido há dois anos por lavagem de dinheiro do narcotráfico, fugiu do país em uma operação apoiada pelas autoridades dos Estados Unidos. "Ostreicher saiu ilegalmente do nosso país durante uma operação desenhada por um grupo de elite, com participação e conhecimento das autoridades do governo dos Estados Unidos", disse em entrevista coletiva o ministro do Interior da Bolívia, Carlos Romero. Romero apontou como principal indício da intervenção americana o fato de Ostreicher, de 54 anos, ter mantido contato no domingo, exatamente no dia da fuga para o Peru, com o intérprete "indicado pela embaixada dos EUA na Bolívia". Os registros dos postos de fronteira assinalam que Ostreicher não saiu (legalmente) do país via Peru, o que confirma que "escapou de maneira ilegal, o que lhe converte em foragido da justiça boliviana", assinalou Romero. "Saiu ilegalmente do nosso país como produto de uma operação planejada, desenhada e executada pelo governo dos Estados Unidos", denunciou o ministro. Segundo a ministra da Justiça da Bolívia, Cecilia Ayllón, Ostreicher "saiu clandestinamente da Bolívia para o Peru e deste país para os Estados Unidos através da companhia aérea Lan Chile". Após sua prisão sem julgamento, Ostreicher denunciou uma rede de funcionários públicos bolivianos que o extorquiam em troca de sua liberdade. Ostreicher foi libertado em dezembro do ano passado mediante o pagamento de fiança, mas permanecia sob prisão domiciliar na Bolívia. O caso Ostreicher motivou uma visita à Bolívia do ator e ativista americano Sean Penn, que defendeu a libertação do empresário diretamente com o presidente Evo Morales. Ostreicher é a segunda pessoa em quatro meses a fugir da Bolívia após ser acusado de crimes comuns e alegar perseguição política. Há quatro meses, o senador opositor Róger Pinto, refugiado na embaixada do Brasil em La Paz por mais de um ano, escapou da Bolívia para o Brasil, com a ajuda do pessoal da representação diplomática brasileira. O caso do senador Pinto, acusado de desvio do dinheiro público, gerou tensão entre Brasília e La Paz.