Jair Bolsonaro, o deputado de discurso preconceituoso que caiu nas graças de uma boa parcela da população brasileira, aproveitou a “Lava Jato” para se cacifar. Ontem ele chamou os políticos que receberam propina de “porcos” e exibiu, na conta no Twitter, um vídeo em que mescla trechos de afirmações de Joaquim Barbosa, na época em que relatou o Mensalão, e de Alberto Youssef, um dos delatores do Petrolão.
“Quem só andou com porcos acha que no reino animal só tem porcos”, diz o título da postagem que traz o vídeo. “Fui citado no Mensalão por Joaquim Barbosa como único deputado da base aliada que não foi comprado pelo PT”, afirma.
Bolsonaro ainda mostra o depoimento de Youssef dizendo que ele não recebeu propina.
O deputado federal é um dos nomes para a disputa à Presidência da República em 2018. Na lista de presidenciáveis que não foram citados, tem também João Doria (PSDB), prefeito de São Paulo e Ciro Gomes (PDT).
Silêncio
Enquanto Bolsonaro tenta atrair, nas redes sociais, os descrentes com a política, as autoridades envolvidas na lista bomba submergiram.
Dentre os principais nomes citados pelos executivos da Odebrecht, apenas Renan Calheiros (PMDB) deu as caras no Twitter.
Eliseu Padilha (PMDB), Dilma Rousseff (PT) e Moreira Franco (PMDB), por exemplo, nada postaram.
Aécio Neves (PSDB) postou apenas uma nota oficial, a mesma que distribuiu para a imprensa.
Já Renan gravou um vídeo: “De novo a Procuradoria me investiga tentando criminalizar doação legal a pretexto de obra cuja gestão é de governo adversário. Eu confio na Justiça. A chance de ter me favorecido é zero. Minhas contas são auditadas desde 2003. Não há um centavo ilegal. O meu patrimônio é compatível e eu não tenho conta no exterior. Essas denúncias serão arquivadas por falta de prova, de materialidade. Mas seria o caso de perguntar: a quem serve esse abuso? A quem serve essa perseguição?”.
Michel Temer (PMDB), que tem imunidade em função do cargo, também gravou vídeo dizendo não temer os fatos.<
Pimenta
O candidato derrotado ao governo de Minas Gerais em 2014, Pimenta da Veiga (PSDB), será interrogado no processo remanescente do Mensalão no próximo dia 11 de maio por videoconferência.
O magistrado da Vara Federal de Minas Gerais autorizou o depoimento online após Pimenta comprovar que não reside em Belo Horizonte, mas em Brasília.
Serão ouvidas duas testemunhas de defesa e, em seguida, o réu.
Pimenta da Veiga é acusado de receber R$ 400 mil do publicitário Marcos Valério Fernandes de Souza.
Ele sustenta que o repasse teve por objeto o pagamento de serviço advocatício, porém, o Ministério Público discorda.
Conforme informei com exclusividade, em março, a Justiça Federal negou a extinção da ação penal, como havia solicitado a defesa de Pimenta da Veiga.