O tráfego na BR-163, no sudoeste do Pará, voltou a ser interrompido às 9h deste sábado (4) por causa da chuva forte na região, segundo a Agência Brasil com base em informações do Exército. A rodovia ficará interditada até avaliação sobre o seu estado.
Na noite de sexta-feira, os caminhões começaram a ser liberados no sentido do município paraense de Miritituba. Mais cedo, no mesmo dia, o fluxo no sentido sul, em direção a Mato Grosso, também havia sido liberado.
A BR-163, conhecida como Rodovia Cuiabá-Santarém, é a principal ligação entre a maior região produtora de grão do país, em Mato Grosso, e os portos da Região Norte, principalmente em Miritituba e Santarém, no Pará.
Representantes do setor agropecuário e de transportes de carga já se mostravam cautelosos com o anúncio, feito nessa sexta-feira pelo Ministério dos Transportes, Portos e Aviação Civil, da liberação do tráfego de carretas na BR-163.
Conforme noticiou o Broadcast Agro, a cautela se dava porque, apesar da liberação, o país está em pleno período de escoamento de uma safra recorde da oleaginosa, que pode alcançar mais de 100 milhões de toneladas, e as chuvas continuavam a cair sobre os trechos não asfaltados. Ou seja, o risco de novos entraves na rodovia não estava totalmente afastado em razão do tráfego intenso de pesadas carretas nesta época do ano.
Há duas semanas, por causa das chuvas intensas na região e do aumento do tráfego de caminhões carregados, vários pontos de atoleiros se formaram em um trecho de 47 quilômetros, localizado entre as comunidades de Santa Luzia e Bela Vista do Caracol. A fila de caminhões chegou a ocupar mais de 50 quilômetros.
Os produtores de soja, conforme noticiou o Broadcast Agro, amargam prejuízos que vão além dos problemas na rodovia. Segundo o presidente da Associação dos Produtores de Soja do Brasil (Aprosoja Brasil), Marcos da Rosa, enquanto os caminhões estavam presos nos atoleiros da BR-163 no Pará e não conseguiam voltar para carregar mais grãos, os armazéns mato-grossenses lotaram, causando transtornos, inclusive com perdas na lavoura.
"Foram poucos dias de sol, poucas oportunidades de colheita, e quando o produtor conseguia colher não tinha onde estocar o produto", disse. Ele citou o exemplo do município de Matupá, onde faltou espaço de armazenagem e a melhor alternativa de silo ficava a 120 quilômetros. Para levar o produto até lá, caminhões também enfrentaram problemas de atoleiros, só que desta vez em estradas municipais e estaduais.
"É lamentável que em um país com uma produção deste tamanho ainda ocorram esses fatos." O presidente da Aprosoja Brasil, que participa de evento Commodity Classic nos Estados Unidos, ressaltou ter ouvido duas menções aos problemas logísticos no Brasil nos últimos dias no evento.
Pessimismo
Já do lado dos transportadores de carga, persiste o pessimismo sobre a retomada da movimentação. O presidente da Associação Brasileira de Logística e Transporte de Carga (ABTC), Pedro Lopes, ressaltou ainda que o setor, representado pelas entidades de transporte das regiões afetadas pelo problema, com o apoio da ABTC, pretende acompanhar as ações previstas pelas autoridades dentro do cronograma estabelecido para verificar como evoluirão as condições de frete na rodovia.
Segundo o Dnit, 756,6 km da BR-163 no Pará estão pavimentados, faltando 190 km. Desde a divisa com Mato Grosso até Miritituba, faltam 100 km para serem asfaltados.
Em 2016, foram asfaltados 20 quilômetros. O trecho da rodovia onde se verificam os pontos críticos devido às chuvas será pavimentado este ano, de acordo com o Dnit. A meta é asfaltar 60 km em 2017 e concluir o asfaltamento até o porto de Miritituba até 2018.