Brasil com produção recorde de cana-de-açúcar

Jornal O Norte
22/04/2008 às 16:25.
Atualizado em 15/11/2021 às 07:31

Valéria Esteves


Repórter

A produção de cana-de-açúcar da safra 2008/2009 em Minas Gerais será histórica, devendo chegar a 43 milhões de toneladas, um crescimento de 20% na comparação com o resultado anterior (2007/2008). A informação é do presidente dos Siamig/Sindaçúcar-MG- Sindicatos das Indústrias do Álcool e do Açúcar do Estado de Minas Gerais, Luiz Custódio Cotta Martins.

- Será uma safra histórica tanto para cana como para o álcool - frisa.




A previsão é de que sejam produzidos 43 milhões de


toneladas de cana nesta safra


No Norte de Minas, a busca pelo fortalecimento da bioenergia está cada vez mais intensa. No Projeto Jaíba, a Sada Bioenergia bem como o grupo Iba biocombustíveis tem planejado processar tanto biodiesel quanto cana para obtenção do etanol.

Na safra anterior, foram produzidas 35,723 milhões de toneladas de cana no território mineiro. No que se refere ao açúcar, a fabricação deve passar de 2,117 milhões de toneladas para 2,6 milhões de toneladas nesta safra, alta de 23%. O incremento da produção do álcool deverá ser de 16%, saltando de 1,776 milhão de metros cúbicos da safra anterior para 2,060 milhões de metros cúbicos da atual. A projeção entre 2012 e 2013 é que a safra de cana chegue a 84 milhões de toneladas.

BIOENERGIA REGIONAL

Mais de 450 mil hectares de cana devem ser plantados nos próximos anos na região. Segundo dados da Unica – há um pequeno problema com as exportações de álcool combustível. Neste ano, conforme Eduardo de Carvalho, presidente da entidade, o volume das exportações de álcool, num total de 2,9 bilhões de litros no período, dificilmente se repetirá na próxima safra. A produção local dos Estados Unidos cresce a uma velocidade maior que a do Brasil e antigos clientes do álcool nacional, como a Índia, deixaram de importar o combustível brasileiro.

O período 2006/07 foi extremamente favorável para o setor, não só por causa do clima propício. A demanda manteve-se aquecida, tanto no mercado interno, quando no internacional. Novas leis ambientais contribuíram para que as distribuidoras americanas comprassem álcool brasileiro e se dispusessem a pagar a sobretaxa de 54 centavos de dólar o galão, o que corresponde a 14 centavos de dólar o litro.

No centro da polêmica sobre eventual redução das áreas dedicadas ao plantio de grãos e cereais no Brasil em razão do boom do etanol, as lavouras de cana-de-açúcar devem ocupar uma área de 66,6% superior aos atuais 6,16 milhões de hectares nos próximos 12 anos.

PROJEÇÃO

Segundo divulgado ainda em 2007 pelo Mapa, um estudo de Projeções do Agronegócio no Brasil e no Mundo, concluído pela assessoria de Gestão Estratégica do Ministério, onde indicava que a fatia da cana sobre o total plantado no país saltará nada menos do que 42,2% nestes 12 anos, passando dos atuais 11,6% para 16,5% na safra 2017/18 - ou 10,3 milhões de hectares. Com isso, a produção de etanol saltaria 120%, passando de 18,9 bilhões para 41,7 bilhões de litros.

A área plantada com as oito principais lavouras brasileiras deve crescer 17,6% em 12 anos. Arroz, feijão e café devem ceder participação ao forte crescimento de cana, trigo e soja. Pelos cálculos da pesquisa, o volume da produção brasileira, atualmente em 127 milhões de toneladas, deve somar 161,5 milhões de toneladas nos próximos 12 anos.

- No global, há potencial para chegar até 227,3 milhões de toneladas, mas a expansão da produtividade determinará o avanço, afirma José Garcia Gasques, coordenador-geral de Planejamento Estratégico do ministério da Agricultura.

DEMANDA

A demanda pelo plantio de cana-de-açúcar é um exemplo claro de que mesmo aqui no Norte de Minas, os médios produtores estão enchendo seus hectares dessa matéria-prima. E como bem divulgou a Folha de São Paulo, as empresas estão investindo centenas de milhões de reais e transformando o velho açúcar em produtos de tecnologia de ponta - de realçadores de sabor para a indústria de alimentos até plástico para embalagens. E já se fala até em fazer gordura saudável e ingredientes anti-cancerígenos a partir do açúcar no futuro.

Na década de 70, os usineiros descobriram o álcool combustível e viram nele um substituto viável para a gasolina. Agora, os canaviais estão entrando num novo ciclo.

Como noticiou a Folha, o terceiro ciclo da cana só está no começo. Mas há fortes apostas de que essa nova indústria substitua parte da indústria química no futuro. Fora do Brasil, a produção de ingredientes a partir de vegetais também é embrionária e ganhou o nome de biorrefinaria - Cargill e DuPont são pioneiras e já produzem plástico a partir do milho.

No Brasil, há dois movimentos nessa direção. O primeiro é de grandes grupos usineiros criando empresas especializadas ou fazendo parcerias com multinacionais para novos produtos a partir do açúcar.

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