(Reprodução / Hospital Israelita Albert Einstein)
O Brasil já notificou 58 possíveis casos de contaminação de uma hepatite aguda e misteriosa, que tem atingido crianças e preocupado autoridades. Desse total, 11 já foram descartados. Para monitorar a doença, no dia 15 de abril a Organização Mundial da Saúde (OMS), publicou um alerta.
Conforme o último boletim da Secretaria de Estado de Saúde, em Minas, cinco casos da doença estão em monitoramento e três já foram descartados. Os casos que estão em investigação foram notificados em Belo Horizonte (2), Juiz de Fora (2) e Montes Claros (1). Os casos descartados foram notificados em Montes Claros (2) e Divinópolis (1).
Os principais sintomas relatados pelos pacientes, de acordo com a SES, foram dor abdominal e vômitos, acompanhados de alterações de enzimas hepáticas.
Análise da doença
Parte dos exames para descobrir a origem da infecção, em Minas, estão sendo feitos pela Fundação Ezequiel Dias, em parceria com a SES-MG. As amostras suspeitas devem ser testadas para hepatites A e B (exame sorológico), hepatite C (exame molecular), enterovírus (exame molecular), citomegalovírus (exame molecular), Epstein-Barr (exame molecular), adenovírus (exame molecular), norovírus (exame molecular), arbovírus: dengue, chikungunya, zika e febre amarela (exame sorológico e molecular) e SARS-CoV-2 (exame sorológico e molecular).
A doença
A hepatite é um termo genérico utilizado para se referir a um processo inflamatório que ocorre no fígado. A inflamação pode ser secundária a diversos fatores, dentre eles as infecções virais.
Já a doença ainda desconhecida está sob vigilância e investigação pela Organização Mundial de Saúde (OMS) devido às mudanças no padrão prévio de ocorrência, com aumento da frequência e perfil de gravidade. Os casos identificados se assemelham pela condição aguda, que consiste na inflamação abrupta do órgão, com enzimas hepáticas acentuadamente elevadas.
A origem das notificações confirmadas no mundo é considerada misteriosa porque os patógenos conhecidos pela causa – vírus da hepatite A, B, C, D e E – não foram detectados.
Quem é acometido?
A doença afeta crianças e adolescentes menores de 17 anos. A forma mais grave e misteriosa da patologia já acometeu pacientes de ao menos 20 países e, em cerca de 10% dos casos, foi necessária a realização do transplante de fígado.
Quais são os sintomas e tratamentos?
Os principais sintomas relatados foram dor abdominal, diarreia e vômitos, acompanhados de alterações de enzimas hepáticas, além de icterícia (pele amarela) e ausência de febre.
O tratamento atual busca aliviar os sintomas e estabilizar o paciente se o caso for grave. “Não existe um tratamento específico, já que o agente é desconhecido. Havendo uma agressão muito forte do fígado, ele entra em falência.
Alguns casos chegaram a necessitar até de transplante hepático pelo acometimento do órgão”, disse recentemente ao o pediatra epidemiologista e mestre em infectologia, José Geraldo Leite Ribeiro.
Prevenção
A forma misteriosa também dificulta a prevenção. “Se não conhecemos o agente, ainda não é possível constatar como ela é adquirida”, explicou o médico.
Diante disso, são orientadas medidas gerais de higiene, como cobrir boca e nariz ao tossir ou espirrar, consumir água potável e alimentos adequadamente higienizados, e higienizar adequadamente as mãos.
A primeira morte relacionada à hepatite foi registrada pela OMS no último dia 30.
Existe ligação com a Covid-19?
Em abril, a Organização Mundial de Saúde afirmou que não há relação entre a doença e as vacinas utilizadas contra a Covid-19, já que a grande maioria das crianças afetadas não havia recebido o imunizante.
Estudos iniciais também afastam a causa pela doença. “Grande parte não havia testado positivo para o coronavírus”, finalizou o pediatra.