Brasil volta os olhos para calçados da China

Jornal O Norte
24/05/2007 às 10:26.
Atualizado em 15/11/2021 às 08:05

Classificada como um tsunami chinês pelo croata Jakov Buljan, a produção de calçados da China foi o centro dos debates do 16º Painel do Couro e Produtos de Couro, que termina hoje, em Gramado. Buljan é um dos 26 representantes da Organização para o Desenvolvimento Industrial das Nações Unidas (Unido) que discutem alternativas para o mercado coureiro-calçadista mundial.

Em comum, países como Colômbia, Brasil, Itália e Paquistão têm a preocupação com o volume de calçados exportados pela China – cerca de 5 bilhões em 2006. As razões para a dor de cabeça podem ser encontradas no Chile onde, dos 60 milhões de pares importados por ano, 50 milhões são da China, ou na Colômbia. No país, o calçado asiático entra a um custo baixo, de US$ 1,46 o par. Atualmente, segundo dados de consultores da Unido, 70% dos sapatos vendidos no mundo são produzidos no sul da Ásia – 62%, na China.

Diretor executivo da Abicalçados -Associação Brasileira das Indústrias de Calçados, Heitor Klein enfatiza que não há como competir com o preço do produto chinês, em sua maioria um calçado simples, com pouco valor agregado, produzido com isenção de impostos e baixos custos trabalhistas.

Ação antidumping pode frear expansão para aumentar a competitividade brasileira, avalia Klein, é preciso ainda desonerar o setor. A diminuição dos impostos e dos encargos trabalhistas é vista como essencial para que o preço do calçado brasileiro se torne mais atrativo. Os fabricantes gaúchos têm expectativa em relação ao programa Exporta RS, que o governo estadual deve anunciar até junho, com a inclusão de linhas de financiamento.

Sem ter detalhes sobre as ações previstas, a Abicalçados indica que o pacote será ineficaz se não incluir ressarcimento de créditos do ICMS.

– Esse é o ponto fundamental para o setor, pois implica diretamente fluidez de caixa – afirmou Klein.

Consultor da organização, Roland Steyns, da Dinamarca, destaca que limitações como a demanda de produtos chineses que atendam ao próprio mercado, aumento dos gastos com mão-de-obra qualificada e ações antidumping por parte da União Européia podem auxiliar a frear o crescimento da China.

Único representante chinês no evento, Chaoying Su destacou que o ritmo de crescimento da produção de calçados no país está diminuindo e que associações trabalham pela redução da taxa de importação. (Agrol Notícias)

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