Cidadão brasileiro, natural de Varginha, no Sul de Minas, vai torcer pelo Brasil na partida desta quarta-feira (26), às 16 horas, no Mineirão, pela semifinal da Copa das Confederações, certo? Não no caso do jornalista Oswaldo Botrel, de 27 anos, fanático pelo futebol uruguaio desde os 10 anos de idade. O curioso é que, apesar de acompanhar o Peñarol e ser um seguidor da Celeste, como é conhecida a seleção uruguaia, Oswaldo estará dividido na partida desta quarta, uma vez que é amigo do atacante Fred, com passagens por América e Cruzeiro, e titular da Seleção. "No meu caso, é um pouco complicado escolher, pois tenho um grande amigo vestindo a camisa do Brasil, que é o Fred. Torço muito por ele e espero que ele possa fazer gols. O resultado é outra coisa, depende muito de um conjunto de fatores. Esse tem tudo para ser o melhor confronto da Copa das Confederações até agora, pois, conhecendo as duas equipes, tenho certeza que ambas deixarão o coração em campo para vencer. Será emocionante ver um grande amigo com a camisa da Seleção Brasileira jogando contra a Celeste no 'quintal' da minha casa. Estou muito ansioso pela hora do jogo", disse. Botrel contou como começou a se interessar pelo futebol uruguaio, durante a Copa América de 1995, realizada no Uruguai, justamente quando a seleção daquele país conquistou o título ao derrotar o Brasil nos pênaltis, por 5 a 3, após empate em 1 a 1 no tempo normal. "É uma coisa que vem desde quando eu era pequeno, quando tinha 10 anos. Eu vi o Uruguai ser campeão da Copa América em cima do Brasil, em 1995, e ali nasceu um ídolo para mim, que é o Enzo Francescoli. Desde então, a paixão pelo futebol uruguaio e por sua história foram crescendo com o passar do tempo. Comecei a ler, conhecer os ídolos, os times de lá e depois a torcer mesmo. Virou uma ligação quase espiritual depois que descobri que nasci no dia do Maracanazzo, em 16 de julho (risos). O histórico de grandes jogadores, de grandes conquistas e de luta dos uruguaios no futebol é fascinante. Um país com uma população um pouco maior que a de Belo Horizonte ‘produzir’ uma geração de jogadores do nível de Forlán, Lugano, Suarez e Cavani em um espaço de 10 anos, e escrever páginas tão bonitas do futebol ao longo do último século, é algo quase inacreditável". Sobre a "rivalidade" que tem com os amigos, já que o brasileiro é bastante fanático, o jornalista explicou que alguns não aceitam sua escolha na hora de torcer, mas que outros entendem e até passaram a se interessar mais pelo futebol do país vizinho. "É um pouco estranho para a maioria. Alguns dizem que é falta de patriotismo, que eu deveria torcer para a Seleção Brasileira e esquecer esse negócio de Uruguai. Mas futebol para mim é algo que ultrapassa muito esse tipo de questão. Não se pode condenar alguém por torcer para um time ou uma seleção de futebol porque ela não é de seu país. Eu sou brasileiro, amo muito a minha terra, mas tenho uma identificação enorme com a Celeste, que vem de criança. É o time que escolhi para torcer, sofro e vibro com ela nos melhores e nos piores momentos. Depois de algum tempo, meus amigos passaram a me entender. Após a Copa de 2010, então, consegui até angariar alguns torcedores a mais (risos). Essa fase boa do time despertou o interesse das pessoas em conhecer um pouco mais do futebol uruguaio, acompanhar um pouco mais de perto e acho que isso fez com que eles me compreendessem um pouco melhor".