O ex-goleiro Bruno Fernandes de Souza começou a atuar nesta segunda-feira (7) em sua nova função: professor de futebol para crianças e adolescentes carentes. De acordo com a Secretaria de Administração Prisional de Minas Gerais (Seap), o atleta, que foi condenado a 22 anos por mandar matar a ex-amante Eliza Samudio, deixou o presídio de Varginha, no Sul de Minas, por volta das 6 horas, e esta será sua rotina a partir de agora diariamente.
Do complexo prisional, localizado na avenida Eugênio Paiva Ferreira, no bairro Padre Vitor, ele seguiu para a rua Nepomuceno, no bairro Jardim Andere, onde funciona o Núcleo de Capacitação para a Paz (Nucap). É lá que Bruno vai passar a maior parte do tempo.
A Justiça mineira autorizou o ex-goleiro a trabalhar no Nucap de segunda a sexta-feira, das 7 às 17 horas. No 'novo emprego', Bruno vai ensinar adoescentes e jovens a jogar futebol em uma quadra que fica no local.
Restrição
O ex-goleiro não poderá deixar o local e nem ter acesso a pessoas estranhas, que não sejam alunos, funcionários ou familiares dos estudantes. A cada três dias em que o atleta atuar no Nucap, ele terá um dia abatido no tempo em que resta para ficar atrás das grades. Inicialmente, Bruno irá trabalhar no local por um ano.
Ao autorizar a soltura provisória para que Bruno trabalhe, o juiz da 1ª Vara Criminal e de Execuções Penais de Varginha determinou que o presídio encaminhe à Justiça, a cada três meses, a folha de frequência do atleta.
O Nucap atende reeducandos e suas famílias, além de egressos do sistema prisional. Atualmente, a instituição atende aproximadamente 60 crianças, todos filhos de condenados. O espaço oferece para as crianças e adolescentes alimentação, reforço escolar, além de atividades extracurriculares como futebol.
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Relembre
O jogador é apontado como autor do assassinato de Eliza Samúdio, com quem teve um relacionamento e um filho. Ela desapareceu em 2010, aos 25 anos, e foi considerada morta pela Justiça. O corpo nunca foi encontrado. Na época, o goleiro atuava no Flamengo.
Em 2013, ele foi condenado a 22 anos e três meses pelos crimes de homicídio triplamente qualificado, sequestro e ocultação de cadáver. O amigo Luiz Henrique Romão, conhecido como Macarrão, também foi condenado.
Em fevereiro deste ano, o ministro do STF, Marco Aurélio Mello, concedeu uma liminar determinando a soltura de Bruno para que pudesse recorrer em liberdade. Mello destacou que ele já somava seis anos e sete meses de prisão sem que tivesse sido condenado em segunda instância.
Porém, ao derrubar a liminar, a Primeira Turma do STF considerou que a soltura de Bruno vai contra a decisão soberana do júri popular, que negou ao goleiro o direito de recorrer de sua condenação em liberdade.