Câmara aprova criação de comissão que vai investigar vereador suspeito de 'rachadinha'

Cinthya Oliveira
02/05/2019 às 17:44.
Atualizado em 05/09/2021 às 18:29
 (KAROLINE BARRETO/CMBH)

(KAROLINE BARRETO/CMBH)

Por unanimidade, os vereadores de Belo Horizonte decidiram, na tarde desta quinta-feira (2), instalar uma comissão processante para investigar o vereador Cláudio Duarte (PSL), acusado de realizar a prática de “rachadinha”, ou seja, exigir que comissionados de seu gabinete devolvam parte do salário.

Os 39 votos favoráveis foram declarados depois que foi lida a denúncia feita pelo cidadão Marley Marra, que é advogado. A partir de agora, a comissão tem prazo de 90 dias para concluir os trabalhos e elaborar um relatório. Depois disso, o plenário da Câmara Municipal decidirá se o vereador deve ser cassado ou não. Para que isso aconteça, são necessários 28 votos.

A comissão foi formada por meio de sorteio. A presidência ficou com Coronel Picinini (PSB) e a relatoria com Mateus Simões (Novo). Reinaldo Gomes (MDB), que fez parte da comissão processante que investigou o vereador afastado Wellington Magalhães, também participará das investigações. 

A reportagem tentou entrar em contato com o vereador afastado e com sua defesa, mas não obteve retorno. O diretório estadual do PSL também foi procurado, mas não encontrado. 

Entenda o caso

O vereador Cláudio Duarte foi preso no dia 2 de abril acusado de liderar um esquema de "rachadinha" em seu gabinete, prática na qual o político obriga seus funcionários a devolverem parte dos salários recebidos. Ele foi solto dez dias depois. 

Segundo a Polícia Civil, Duarte teria embolsado ao menos R$ 1 milhão com o esquema, desde que assumiu o mandato na Câmara Municipal, em 2017. O crime, porém, começou a ser premeditado ainda em 2016, logo após o vereador do PSL ser eleito.

Ao todo, 35 funcionários passaram pelo gabinete desde 2017. O operador identificado do esquema, contudo, era o chefe de gabinete, que foi preso junto com o vereador e também liberado no dia 12 de abril. Ainda de acordo com as investigações, todo o dinheiro levantado com o esquema era sacado na boca do caixa por cada funcionário individualmente e passado em espécie ao chefe de gabinete, que repassava o valor para o vereador.

De acordo com a Divisão de Fraudes e Crimes Contra a Administração Pública, foram verificados casos de salário de R$ 11 mil, com o funcionário recebendo R$ 1 mil e entregando R$ 10 mil ao vereador. 

No dia 2 de abril, a Polícia Civil encontrou dinheiro na casa do vereador, no bairro Céu Azul, na região da Pampulha, e suspeita-se que os recursos seriam provenientes da "rachadinha". A quantia apreendida não foi revelada.

© Copyright 2024Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por
Distribuido por