Câmara paga R$ 34 mil em salários a Wellington Magalhães após decisão judicial

Liziane Lopes
llopes@hojeemdia.com.br
04/07/2018 às 15:18.
Atualizado em 10/11/2021 às 01:12

A Câmara Municipal de Belo Horizonte, em cumprimento a uma decisão judicial e após notificação, pagou ao vereador Wellington Magalhães os salários referentes aos meses de maio e junho. Os vencimentos, que somam cerca de R$34 mil, caíram na conta do ex-vereador nessa terça-feira (3). Ele é investigado por fraudes contra a administração pública por suposto direcionamento de licitações e recebimento de propinas. O salário estava suspenso desde o dia 25 de maio.

Wellington Magalhães foi preso em abril de 2018, mas conseguiu um habeas corpus e cumpre prisão domiciliar desde o fim do mês passado. Na quarta (27), o desembargador Paulo Balbino, do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), determinou a retomada do pagamento. No despacho, ficou determinado ainda que o bloqueio de bens do parlamentar deve ser limitado a cerca de R$ 1,6 milhão. 

Para a Justiça, a defesa de Magalhães alegou que precisa do dinheiro para pagar pensão alimentícia e também para arcar com os custos do processo. O advogado dele, Leonardo Salles, informou que o ex-vereador não vai se pronunciar sobre o pagamento.

A reportagem procurou pelo Ministério Público de Minas Gerais e aguarda retorno.

Investigações

A Câmara Municipal de Belo Horizonte analisa a cassação do mandato de Wellington Magalhães, acusado de desviar R$ 30 milhões do Legislativo Municipal. 

Nessa terça (3), a Comissão Processante que analisa a denúncia de quebra de decoro por parte do vereador afastado ouviu o depoimento dos vereadores Gabriel Azevedo (PHS) e Mateus Simões (Novo), além de Júlio Passos de Faria, arrolados pelo denunciante Mariel Márley Marra. Os três afirmaram acreditar que existem fortes indícios que apontam para a quebra de decoro por parte do acusado. 

Nesta quarta (4), mais três pessoas foram ouvidas. Dessa vez, arroladas pela defesa. Foram os vereadores Juliano Lopes (PTC), Autair Gomes (PSC) e Pedro Patrus (PT). Eles alegaram que desconhecem qualquer fato que desabone a conduta do acusado enquanto vereador e ex-presidente da Câmara.

Segundo o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), o vereador afastado registrou, de 2010 a 2016, gastos de R$ 1.594 milhão, R$ 520 mil a mais do que os rendimentos obtidos pelo parlamentar no período. Ainda conforme o MPMG, há evidências de que Magalhães comandou um desvio de verbas em pelo menos dois contratos de licitação, quando ele era presidente da Câmara Municipal, entre 2014 e 2016. Outras sete pessoas também foram denunciadas no esquema. 

Estão previstos novos depoimentos, na CMBH, ainda em julho. Na próxima terça (10), devem ser ouvidos o deputado federal Odair Cunha (PT), o vereador Irlan Melo (PR) e o delegado Fernando Lima, que dirige o inquérito contra Magalhães. Na quarta (11), são esperados os vereadores Gilson Lula Reis (PCdoB), Jair Di Gregório (PP), Preto (DEM) e o deputado estadual Durval Ângelo (PT). Wellington Magalhães é esperado para depor no dia 24 de julho.

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