Estudo citado na quarta-feira (3) pela coluna de negócios deste jornal traz dados preocupantes sobre a frota de caminhões no Brasil. Sua idade média é de 19 anos. Especialistas afirmam que, nas condições das rodovias brasileiras, um caminhão deveria ser aposentado depois de oito anos de trabalho, pois o custo de manutenção e o desperdício de combustível o tornariam antieconômico.
O estudo feito por pesquisadores da Universidade de Brasília revela que o problema é mais grave com a frota dirigida por motoristas autônomos. A idade média de seus caminhões é de quase 23 anos, praticamente o dobro dos possuídos pelas empresas transportadoras. Os caminhões ligados a cooperativas de transporte rodoviário de carga têm em média mais de 15 anos. Ocorre que no Brasil aproximadamente 63% da frota é constituída por transportadores autônomos.
Uma das consequências dessa frota obsoleta é o desperdício de óleo diesel e o excesso de emissão de CO2 ou dióxido de carbono, um gás que pode contribuir, quando em elevada concentração na atmosfera, para o aquecimento global. Os pesquisadores calculam que se houvesse renovação da frota de caminhões e carretas, haveria redução da emissão desse gás em quase três milhões de toneladas por ano. Além disso, deixariam de ser consumidos anualmente um bilhão de litros de óleo diesel.
Os ganhos econômicos não param aí. Para renovar a frota, as montadoras terão que elevar sua produção, garantindo empregos nas fábricas. E revertendo a tendência de queda registrada em agosto. Segundo o IBGE, em comparação com agosto do ano passado, houve queda de 35,4% na produção de caminhões.
Há outro aspecto que deve ser levado em conta pelas autoridades que quiserem examinar mais a fundo esta questão. Caminhões com mais de 30 anos de vida aumentam bastante o risco de acidentes. Em 2007, estudo apresentado num fórum de segurança no trânsito mostrou que 8,4% da frota brasileira – ou cerca de 110 mil caminhões – tinham sido fabricados antes de 1977. Desde então, o BNDES abriu linhas de crédito para renovação da frota. Mesmo assim, em média, temos uma frota antiga. Em 2009, caminhões estavam envolvidos em 25% dos acidentes nas rodovias federais brasileiras.
Motoristas de caminhões são muito vulneráveis no Brasil, onde o índice de mortes por acidentes pode ser até 14 vezes maior que nos Estados Unidos, que têm uma frota bem mais moderna que a brasileira. E há nos EUA mais opção de transporte do que aqui.