Campanhas eleitorais usam pouco a internet

Hoje em Dia
08/09/2014 às 07:49.
Atualizado em 18/11/2021 às 04:07
 (Editoria de Arte)

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Apontada como uma das ferramentas influentes durante uma campanha eleitoral, a internet tem sido usada pelos principais candidatos à presidência e ao governo de Minas basicamente para divulgar propostas de governos, agenda e a trajetória política. Nos sites oficiais e redes sociais de Dilma Rousseff (PT), Aécio Neves (PSDB), Marina Silva (PSB) e dos concorrentes em Minas, Fernando Pimentel (PT) e Pimenta da Veiga (PSDB), a interação com o eleitor se dá por meio de aplicativos para compartilhar fotos, jingle, ou por contribuições ao plano de governo, mas sem novidades em relação à campanha na rua e na TV.    De acordo com o consultor em marketing político Daniel Machado, a campanha digital não apresentou “nenhuma grande estratégia”. Segundo ele, no Twitter e no Facebook prevaleceram críticas à ex-senadora Marina Silva, com o endurecimento dos discursos de Aécio e Dilma e com polêmicas envolvendo as posturas da ex-ministra de Meio Ambiente.    Quanto às páginas oficiais dos candidatos, Machado avalia que os sites refletem o termômetro das ruas. “A internet é o reflexo das ações de mobilização das campanhas. Se não tem nada acontecendo nas ruas, se a militância é paga e o eleitor não trabalha voluntariamente por um candidato, a internet então não tem muito o que apresentar”.    Em termos técnicos, no entanto, o especialista em marketing digital Felipe Campos Gomes, sócio-proprietário da empresa RNW, e o publicitário e diretor de criação da NauWeb, Cristiano Bunte, acreditam que foram empregadas ferramentas suficientes para atrair o eleitor, apesar de não haver nenhuma inovação.  “O fundamental é que os sites estejam adaptados especialmente para serem abertos em tablets e smartphones, mas apenas os de Dilma Rousseff e Pimenta da Veiga possuem essa capacidade”, diz Felipe Gomes. “É preciso que um site de campanha tenha ‘usabilidade’, como chamamos. Letras grandes, imagens adaptáveis ao tamanho da tela do celular, por exemplo, detalhes sutis que facilitam a leitura e o entendimento”.     Discussão   Para Cristiano Bunte, o ponto fraco é o fato de as páginas não aproveitarem o já popular aplicativo de bate-papo WhatsApp para mobilizar internautas em grupos de discussão política ou até mesmo para enviar fotos e sugestões. “Os sites de Marina e Aécio me surpreenderam porque já chamam, de início, para a participação e engajamento do usuário, pedindo e-mail, conta do Facebook e aproveitando o que chamamos de caso de conversão. Mas o WhatsApp não foi aproveitado”.    No comparativo entre os sites de campanha dos presidenciáveis, Cristiano Bunte destaca, em relação à página de campanha de Dilma, o recurso nomeado de “scroll infinito”, que carrega os conteúdos de forma dinâmica, como é feito no Twitter e no Facebook. “O site da candidata do PT tem um layout moderno, expansividade e um aspecto visual bem produzido. Utiliza uma ferramenta bem recente que estimula o usuário a ficar no site, já que o conteúdo está sempre carregando, à medida em que ele faz scroll na tela. Ao mesmo tempo, isso pode ser um problema, porque você não consegue ler o final da página”.     Excesso   Sobre o conteúdo, ele avalia como um material “rico”, de fácil compreensão”, mas que pesa visualmente pelo excesso de informações. Outro ponto destacado é o sistema de doações online.    De acordo com Felipe Gomes, um dos pontos positivos do site de Dilma é a possibilidade de o eleitor contribuir com ideias para o plano de governo, enviar fotos e comentários. Quanto ao site de Aécio, Felipe Gomes pondera que, caso fosse feito um site específico para mobile, o tucano teria maior número de seguidores ou de acesso. “Ao abrir no celular, a página não fica nítida”.    Para Cristiano Bunte, o site é um exemplo de estímulo ao eleitor para participar, mas tem um visual “pesado”. “Assim como o de Dilma, o site de Aécio é poluído e peca pelo excesso de informações. Hoje, a tendência é usar sites mais limpos, mas é compreensível que os candidatos tenham muita coisa a mostrar”, comenta.    A página de Marina Silva é a melhor, conforme avaliação dos especialistas ouvidos, a integração com aplicativos que permitem que o eleitor forneça seus perfis nas redes sociais. “Aparece uma explicação sobre essa conexão quando você se conecta nos aplicativos ‘Apoio 40’ ou ‘Clique 40’ e com esse mecanismo a campanha permite que o conteúdo seja construído pelo internauta, que também divulga as ações do candidato e compartilha fotos em uma espécie de jogo, que monta o ranking que incentiva o apoiador a participar cada vez mais”, conta Bunte.

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