(VALÉRIA MARQUES)
O sonho é deles, mas, por companheirismo, se tornou delas também. As possíveis primeiras-damas da cidade de Belo Horizonte possuem histórias de vida, carreiras e personalidades diferentes. Porém[/TEXTO], têm em comum a decisão de apoiar incondicionalmente o marido na corrida eleitoral pela prefeitura. E não se privam de dar alguns pitacos em decisões dos esposos candidatos.
Casada há 26 anos com o candidato Délio Malheiros (PSD), a pediatra Maria Inês de Paula Veloso, 59, confessa que não é muito chegada a política. Mas por aquelas ironias do destino foi justamente em uma festa de apoio a um político que ela conheceu o jovem estudante de Direito que viria a ser seu futuro marido e pai de seus filhos João Pedro, 25, e Maria Luzia, 21. Na época do encontro, ele trabalhava na ALMG e ela já era formada em Medicina pela UFMG e chefe de um posto municipal de saúde.
Apaixonada pela profissão, Maria Inês se aposentou da carreira pública, mas continua com o atendimento diário às crianças no consultório, instalado a poucas quadras do apartamento onde mora, no bairro Santo Agostinho.
“Tenho hora para chegar mas nunca para sair”, diz ela, que vai e volta do trabalho a pé. Mesmo com tanta experiência na área da saúde, Maria Inês nem cogita ocupar um cargo em um eventual mandato de Délio. “Se eleito, vou ajudá-lo no que ele precisar, mas jamais pretendo voltar à ativa”, garante.
Falta de ambulância
Do tempo da medicina social, quando começou a atuar no Tirol, na região do Barr[/TEXTO]eiro, ela se lembra das dificuldades como falta de telefone e ambulância. “Às vezes a gente tinha que colocar um doente ou uma grávida prestes a ter o bebê dentro do carro e levar depressa para o hospital ou então ir ao posto de gasolina na vizinhança para telefonar e pedir ajuda”, recorda.
Maria Inês avalia que, de lá para cá, muita coisa melhorou. “Mas é preciso avançar mais, principalmente com relação à demora no acesso a cirurgias seletivas e exames mais sofisticados, importantes para o diagnóstico de um paciente”, diz a médica.
Perguntada sobre porque os belo-horizontinos devem escolher seu marido para prefeito, Maria Inês não poupa elogios.
“Ele é muito inteligente, criativo, dá soluções para as coisas. E é extremamente honesto. Tem uma história limpa desde os tempos de vereador e deputado, quando foi pioneiro na defesa do consumidor e abriu mão do auxílio-moradia”, esclarece Maria Inês.
Entre os defeitos, ela cita a distração, “o que é ruim para político”. Délio também esquece as datas como aniversário de casamento ou de namoro.
Sítio
Nos finais de semana, a família gosta de se reunir no sítio perto de [/TEXTO]Itabirito, onde cria cachorros, galinhas e patos. O bagageiro sempre volta para a casa cheio, seja de frutas e hortaliças lá colhidas ou lixo que trazem para reciclagem. “Não é a toa que Délio foi secretário municipal de Meio Ambiente nos últimos anos, acumulando a função a vice-prefeito”, reitera a pediatra.
Política, religião e trabalhos sociais na vida dos Biondini
Professora de Educação Física do tradicional colégio Santa Marcelina “a vida toda”, Adriana Rocha Teixeira Biondini, 42 anos, suspendeu as atividades na instituição de ensino há sete anos, quando interrompeu a carreira para dedicar-se à família e ajudar o marido, deputado federal no terceiro mandato e candidato à PBH, Eros Biondini, nos trabalhos sociais.
“No início não queria que ele entrasse para a política. Mas depois fui percebendo a importância e resolvi colaborar. Comecei a estudar, ler, entender mais, e acabei abraçando o sonho dele com alegria”, afirma. Adriana diz que se sente chateada quando as pessoas colocam todos os políticos no mesmo balaio. “O Eros nasceu para fazer o bem. Tem o coração enorme”, diz ela sobre o marido que é formado em Veterinária, carreira que exerceu por uma década. Mas Eros é mais conhecido como cantor católico.
Grupo de jovens
Seguidores da Renovação Carismática, os dois se conheceram em um grupo de joven[/TEXTO]s que se reunia na Pampulha, mesmo bairro onde vivem até hoje, em um espaçoso apartamento, no bairro São José. São sete anos de namoro, 20 de casamento e dois filhos: Mauro, 18, estudante de Direito, e Chiara, 14.
Com os meninos, Eros e Adriana vão todos os domingos pela manhã à missa. O casal também gosta de assistir filmes com a prole e, eventualmente, sair para jantar fora. “Somos muito simples, temos uma vida normal. Não precisamos de muita coisa. Sou eu quem levo meus filhos para a escola, apesar de que o meu filho mais velho acabou de tirar carteira de habilitação”, conta ela.
Já aos sábados, o programa é ir até a Lagoa da Pampulha para participar da corrida com integrantes da Comunidade Mundo Novo, fundada por Eros Biondini.
Dependentes químicos
Localizada no bairro São João Batista, em Venda Nova, a instituição é voltada para o trabalho com dependentes químicos. Após a triagem, alguns usuários são encaminhados a fazendas para recuperação. “Aconteceu com a Patrícia, assessora do Eros. Ela chegou a morar na rua e, hoje, é uma pessoa vitoriosa”, conta Adriana.
Para ela, o esporte tira o foco da droga. E também é um caminho para novas amizades. Esbelta, Adriana adora participar de maratonas. Já esteve presente em corridas de rua no Rio de Janeiro, Brasília e no Chile.
Para a capital federal, ela costuma viajar uma vez por mês. Mas volta logo para cuidar dos filhos, da casa, dos trabalhos sociais e da administração da empresa de representação de adesivos industriais que ela e a irmã herdaram do pai.
Foco agora é pensar na campanha 24 horas por dia
Nascida e criada no Barreiro, Janaína Ester Cardoso Teixeira Dias, 40 anos, trabalha com afinco na candidatura do marido, o deputado federal Marcelo Álvaro Antônio (PR). Passou a acordar mais cedo e nem assim sobra espaço na agenda para fazer pilates ou musculação. “A consciência dói, mas meu foco é pensar na campanha 24 horas por dia”, diz.
Janaína recebeu a reportagem no comitê central do candidato, entre uma reunião e outra. “Se tivesse mais tempo, iria receber vocês em casa, com um bolo de chocolate, que é minha especialidade”. A sobremesa também é a preferida do marido, que adora doce.
Os dois se conheceram no Barreiro, onde o pai de Marcelo, Álvaro Antônio, que foi deputado e vice-prefeito de Belo Horizonte, também construiu a carreira política. Na época em que não existia a lei do nepotismo, Janaína chegou a trabalhar dois anos com o sogro, após abandonar a função de professora. “Uma tia minha namorou 20 anos com o tio do Marcelo. Foi amor à primeira vista. Sou apaixonada por ele”, afirma.
São 21 anos de casados e três filhos: Amanda, 20, Ana Clara, 14, e Paulo Henrique, 11. Janaína conta que adora cozinhar para a família e sair para jantar com os amigos, mas a campanha está consumindo todo o tempo. “Dou palpites no material da campanha, faço reunião com mulheres e participo de visitas a comunidades mais carentes”, diz.
Arquitetura
Outra paixão é a arquitetura. Com os filhos crescidos, ela fez vestibular e acaba de conquistar o diploma de arquiteta e urbanista pela Uni-BH. “Essa profissão pode mudar a vida das pessoas, dar condições dignas de moradia a elas”, acredita. No entanto, ela ainda não pensou como será sua atuação se vir a ser a primeira-dama.
Além de “um gato”, Janaína diz que Marcelo é trabalhador, humano, tem um coração enorme e não tem vergonha de consertar o erro, “o que é importante para um verdadeiro gestor”. O pior defeito do marido, segundo ela, é o ciúme dos filhos.
Mulher de candidato do PSDB acredita na dobradinha escola-esporte
Ex-atleta da seleção brasileira de vôlei, Eliana Aleixo Leite é casada com o deputado João Leite (PSDB) há 36 anos. São três filhos – Débora, Daniela e Helton – e uma neta, a Letícia. E mais uma netinha está a caminho.
Eliana preferiu não conceder a entrevista pessoalmente. Por e-mail, ela, que hoje trabalha no setor imobiliário, disse que adora fazer caminhada e assistir a jogos e filmes ao lado do marido. “Ele é uma pessoa maravilhosa, bom caráter, trabalhador, generoso. Gosta de ajudar”, afirmou. Questionada sobre os defeitos, respondeu: “Sou suspeita para falar. Admiro-o em tudo”.
Ela acredita que é preciso criar equipamentos públicos para acesso a práticas esportivas, principalmente nas regiões carentes. “O esporte na escola me ofereceu um ótimo técnico, que ajudou muito na minha formação, possibilitando-me a jogar em um grande clube”, lembrou ela, que está engajada na campanha. “Tenho especialização em Assistência Social e estou disposta a dar minha contribuição no que for possível”, garantiu.