(Wang Zhao)
Em uma temporada com mais mudanças do que de costume no regulamento, a Fórmula 1 deve ter carros mais lentos e pesados neste ano, mas com alterações na aerodinâmica que podem compensar a menor velocidade com mais ultrapassagens. Visualmente, as alterações são sutis, com destaque para a asa traseira, mais alta e mais larga.
A asa será ao mesmo tempo o papel de vilã e de heroína dos carros. Por ser maior, aumentará a resistência do ar e tornará os monopostos mais lentos. No entanto, tem um desenho que vai diminuir a turbulência causada pelo modelo de 2018. Esta turbulência diminuía a estabilidade do carro que vinha logo atrás, reduzindo o número de ultrapassagens nas corridas. Era a maior fonte de reclamação dos pilotos.
Maior, a asa dianteira também tem potencial para deixar as provas mais empolgantes. A expectativa é de que a alteração deste componente vai aumentar a velocidade dos carros e reduzir os efeitos da turbulência.
Outra novidade importante é a elevação do peso mínimo dos modelos 2019, passando de 733kg para 740kg. O aumento da capacidade do carro para carregar mais combustível - de 105kg para 110kg - também deve deixar os modelos mais pesados. A meta é evitar panes secas e deixar os pilotos mais à vontade para pisarem fundo até o limite.
Em dezembro, antes da pré-temporada, as equipes previam menos velocidade neste ano. O novo chefe da Ferrari, Mattia Binotto, esperava por carros até um segundo e meio mais lentos. Mas as duas baterias de testes em Barcelona mostraram que esta diferença poderá ser menor. E o desenvolvimento contínuo dos modelos, ao longo das primeiras etapas, deve fazer com que os monopostos deste ano possam alcançar e até superar a velocidade de 2018.
Há novidades também nas luvas dos pilotos, sensíveis à pulsação e aos níveis de oxigênio no sangue, e no capacete, com visor menor. Com este formato, por exemplo, Felipe Massa teria corrido menos riscos no grave acidente sofrido em 2009.
Os pneus serão simplificados. Das sete cores usadas em 2018, restarão apenas três: vermelha (macio), amarela (médio) e branca (duro). Para cada GP, estes três tipos serão escolhidos entre cinco opções pela Pirelli, preocupada em facilitar a maior compreensão do público.
Temporada mais longa
Os pilotos e equipes vão ter pela frente uma maratona e dois recordes históricos em 2019. Ao continuar com 21 provas, o calendário repete anos anteriores e se mantém como um dos mais inchados, porém terá nesta temporada o diferencial de estar mais longo. Serão oito meses e três semanas de campeonato, já que entre uma etapa e outra haverá mais semanas de intervalo.
Essa mudança leva a temporada a começar em março e ter o fim somente em dezembro, em Abu Dabi. O desafio para os organizadores da categoria, assim como para as escuderias, é tratar da logística complexa de fazer todos os carros e equipamentos cruzarem continentes e fronteiras a tempo do compromisso seguinte. Tudo isso tem um preço alto. O orçamento anual das equipes da Fórmula 1 é estimado em até R$ 10 bilhões.
As principais equipes, como a Mercedes e a Ferrari, chegam a ter um orçamento de R$ 1,5 bilhão, isso sem contar o gasto com motores. Cada uma delas tem mais de 900 funcionários, dos quais pelo menos 200 são levados para cada GP. Segundo a imprensa inglesa, ambas terão para 2019 um incremento na verba, justamente para dar conta de todo o calendário e ainda se manterem competitivas. A Mercedes prevê gastar em 2019 até R$ 65 milhões a mais do que no ano anterior.
O inchaço do calendário se intensificou neste século, principalmente com a entrada de mais provas na Ásia. Há 20 anos, por exemplo, os pilotos de 1999 tiveram somente 16 etapas, das quais somente cinco não foram realizadas na Europa (Austrália, Brasil, Canadá, Malásia e Japão. Para 2019, o número de provas longe do Velho Continente dobrou: são dez, incluindo compromissos criados recentemente, como Cingapura e Bahrein.
O tamanho do campeonato pode aumentar ainda mais no ano que vem. Para 2020, a Fórmula 1 já confirmou a entrada do Vietnã no campeonato, com a prova marcada para um circuito de rua na capital Hanói. Por outro lado, cinco tradicionais etapas têm contrato com a categoria somente até este ano e dependem de renovação para continuarem na próxima temporada: Grã-Bretanha, Itália, Espanha, Alemanha e México.
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