Cartões de descontos em saúde geram ilusão de cobertura ampla

Janaína Oliveira - Hoje em Dia
09/06/2013 às 09:16.
Atualizado em 20/11/2021 às 18:57

Cartões de descontos em saúde têm, cada vez mais, conquistado espaço no mercado nacional. Eles surgem como uma miragem aos olhos dos brasileiros que estão cansados do atendimento precário do Sistema Único de Saúde (SUS), mas não têm condições de arcar com os custos de uma operadora de planos tradicional. Porém, órgãos de defesa do consumidor e a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) advertem: além de causar prejuízo ao bolso, esses produtos – que não são planos, mas convênios – podem fazer mal à saúde.

O problema, apontam, é que, quando os usuários alcançam o “oásis”, muitas vezes, dão de cara com um sistema que apresenta cobertura restrita e dificuldade para o agendamento de consulta, exames e cirurgias, entre outros procedimentos. Em alguns casos, dizem os especialistas, esses cartões são vendidos e apresentados aos clientes como planos de saúde, mas nenhum está registrado na ANS ou obedece às regras da Lei 9.656/98, que regula os planos.

Por pequenas anuidades, abaixo do valor de mercado, a maioria dessas empresas oferece descontos em serviços de saúde, como consultas em clínicas ou hospitais, exames de alta complexidade, laboratórios, cirurgias e até serviços funerários. Além das “promoções”, há a garantia de preços diferenciados a serem pagos diretamente pelos consumidores aos médicos ou prestadores de serviços. Não que a modalidade seja ilegal. Trata-se de serviço que pode ser comercializado por empresas que não tenham qualquer vinculação direta com a ANS. Entretanto, com o pouco dinheiro que é cobrado, fica difícil cumprir as muitas promessas. E a rede credenciada nem sempre é compatível com a da propaganda.

 

“Cartão de desconto é diferente de plano. Dependendo de como é feita a oferta, pode se caracterizar propaganda enganosa. Muitos estão vendendo ilusões”, alerta o coordenador do Procon da Assembleia, Marcelo Barbosa. “Pode ser um risco, pois dificilmente existe a certeza da efetividade do serviço”, emenda.

Auxílio funeral

O Hoje em Dia identificou pelo menos três empresas que comercializam cartões de desconto de saúde em Minas. Uma delas é o “Cartão de Todos”. “O investimento é de R$ 14,90 por mês, mas você tem direito de colocar até sete pessoas como dependentes. São cerca de cem clínicas conveniadas em todo o Brasil com consultas que variam entre R$ 18, para clínico geral, e R$ 25 nas demais especialidades. Nos exames, os descontos são de até 70%”, informou a atendente. No site, consta que a taxa de adesão ao assinar o contrato é de R$ 20. De brinde, o consumidor tem direito a auxílio-funeral gratuito.

“Atendimento como de particular, porém pagando menos por isso” é a oferta do Nipomed, que também cobre Belo Horizonte e região. No endereço eletrônico, a empresa diz que “não é um plano de saúde, é um sistema de saúde moderno”. De acordo com o vendedor, a mensalidade custa R$ 685 no ano, com possibilidade de dividir em até quatro vezes no cartão. À vista, o valor fica 13% mais barato. Os descontos incluem procedimentos estéticos e até cirurgia íntima, para correção dos púbis ou lábios vaginais. Um funcionário ficou de enviar, por e-mail, a rede credenciada, o que não aconteceu até o fechamento desta edição.

Fixada na capital, na rua das Guitarras, quase na esquina da rua das Sanfonas, no bairro Califórnia, está situada outra empresa de cartões saúde, a Sistema Prevente. A localização consta na internet. Neste caso, a taxa anual individual é de R$ 90. Para até cinco filhos solteiros, sobe para R$ 160, no ano.

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