Carteira eleva ganhos: em Minas, rendimento de empregados formais cresce e o dos informais cai

Paulo Henrique Lobato
phlobato@hojeemdia.com.br
21/01/2020 às 21:35.
Atualizado em 27/10/2021 às 02:22
As vagas são para trabalhadores com ou sem experiência (Maurício Vieira)

As vagas são para trabalhadores com ou sem experiência (Maurício Vieira)

Levantamento do IBGE sobre os rendimentos de trabalhadores informais e formais, em Minas, comprova o que todo mundo percebe na prática: os salários de quem tem carteira assinada têm subido quase na mesma proporção em que caem os rendimentos obtidos por quem não é registrado oficialmente por um empregador. 

Em números absolutos, na comparação entre 2018 e 2019, o salário médio dos informais mineiros diminuiu de R$ 1.207 para R$ 1.191 (queda de 1,3%). Já o dos empregados formalizados subiu 1,5%, de R$ 1.755 para R$ 1.783.

Na mesma base de comparação, ao contrário do que tem ocorrido no país, o total de empregados no setor privado em Minas com carteira assinada avançou de 3,65 milhões de pessoas para 3,72 milhões de homens e mulheres. Já o exército de informais no setor privado diminuiu, de 1,35 milhão de trabalhadores para 1,27 milhão.

A evolução dos números constatada pelo IBGE é um sinal de que a economia mineira, bastante penalizada no início de 2019, após o desastre da Vale em Brumadinho, e por outros motivos, como a manutenção do escalonamento dos salários dos servidores públicos, parece começar a entrar novamente nos trilhos. 

“Historicamente, o empregado do setor formal recebe mais que o do informal. O aumento do número de colaboradores no setor privado mostra o retorno de investimentos particulares. É sinal do aumento da confiança dos empresários, da conjuntura econômica...”, destaca Guilherme Almeida, economista-chefe da Fecomércio-MG.

A trajetória trabalhista da jovem Ana Luiza Carmo, de 19 anos, se encaixa bem nos levantamentos do IBGE. Ela trabalhou em quatro empregos sem carteira assinada. Não teve décimo-terceiro, férias e outros benefícios.

Há oito meses, foi selecionada por uma grande rede varejista de roupas, calçados e acessórios. “Agora, recebo os direitos trabalhistas e meu salário é melhor”.

De acordo com o economista da Fecomércio-MG, de fato, “o aumento no número de empregados formais contribui – a longo e a médio prazos – para a melhora da economia”. Almeida diz, porém, que o desafio, em Minas e no país, será manter tal tendência.

Independentemente de problemas conjunturais do país e da necessidade de aprovação de reformas cruciais para alavancar investimentos, como a tributária, o desejo de Ana Luiza, a jovem que chegou ao mercado formal após passar por quatro empresas sem ter a carteira de trabalho assinada, é que a economia mineira engrene de vez. 

“Eu quero muito ter direitos que não pude usufruir em todo o tempo em que trabalhei como informal, como um terço de férias. Já estou até planejando viajar para uma pousada no interior de Minas”, afirma, animada.

  

 
 

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