No dia 8 de dezembro, às 14 horas, os irmãos Luiz Claudio e Marcia Brito vão realizar o sonho de se casar. Ele, com Felipe, companheiro de oito anos; ela, com Camile, com quem já está há 12. Gays assumidos para a família e o mundo, eles fazem questão que seus relacionamentos sejam juridicamente reconhecidos. "Nós somos alvos de muito preconceito, fomos praticamente banidos da família. Minha mãe dizia 'eu não mereço isso'. Se os gays têm os mesmos deveres dos héteros, têm que ter também os mesmos direitos", reivindica Marcia, analista corporativa de 33 anos.
Eles estão entre os 60 casais homossexuais já inscritos no casamento civil coletivo que será promovido pelo Programa Rio Sem Homofobia na sede do Tribunal de Justiça, com direito a coquetel, bancado pelo Estado. Será o primeiro no Rio e o maior realizado no Brasil. Foram abertas 150 vagas. É preciso comprovar com documentos que o casal já tem união estável, a ser convertida em casamento civil. Cada casal poderá levar três ou quatro convidados, além de duas testemunhas.
A cerimônia será possível graças à resolução de maio do Conselho Nacional de Justiça que obriga os cartórios a realizar casamentos homoafetivos e de fazer as conversões de união estável para casamento. Em 2011 e 2012, o Programa Estadual Rio Sem Homofobia já havia realizado três cerimônias coletivas de união estável gay, com mais de 200 casais. Agora, o foco é explicar que só com o casamento todos os direitos (como herança e o direito a plano de saúde) estarão garantidos.
"A maioria dos casais já vem com essa intenção de querer cidadania plena e segurança jurídica", conta Claudio Nascimento, superintendente de Direitos Individuais, Coletivos e Difusos, coordenador do programa e primeiro homossexual a ter a união estável convertida em casamento (em 2011).
"O bonito disso é trazer a verdade. Se estou casado há 17 anos, não posso ter documentos de solteiro, pois isso é uma mentira", disse Carlos Tufvesson, coordenador da Diversidade Sexual do Município, que se casou no civil no mês passado.
Inscrições
Luiz Claudio, que passou a lua de mel com Felipe em Santiago, explica que eles desejam ser vistos como um casal como qualquer outro. "Quando saí do armário, a família ficou assustada, pois associava ser gay à promiscuidade. A sociedade vai ver que construí um relacionamento com outro homem que é legal, que temos uma vida estruturada. Estamos muito felizes."
Ele e Felipe queriam ter se casado antes, mas alegavam que não tinham dinheiro. Agora, aproveitaram a gratuidade oferecida aos que comprovam baixa renda. Os casais interessados podem pedir mais informações pelo telefone 08000234567, que funciona 24 horas, ou nos centros de cidadania LGBT do Rio. As inscrições vão até o dia 30. É preciso ser residente no Estado do Rio e apresentar a declaração de união estável e documentos pessoais.
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