Depoimento à Justiça

Caso Backer: réus afirmam que não tiveram participação na produção da cerveja

Previsão é que outros sete sejam ouvidos nos próximos dias

Pedro Melo
pmelo@hojeemdia.com.br
28/11/2023 às 17:00.
Atualizado em 28/11/2023 às 17:22
Depois das audiências de testemunhas de defesa, com encerramento previsto para 3 de abril, será marcado o interrogatório dos réus (Reprodução/Google)

Depois das audiências de testemunhas de defesa, com encerramento previsto para 3 de abril, será marcado o interrogatório dos réus (Reprodução/Google)

Os primeiros réus no processo criminal envolvendo a cervejaria Backer prestarem depoimentos nesta terça-feira (28), em Belo Horizonte. Três pessoas foram ouvidas no Fórum Lafayette. À Justiça, elas afirmaram que não tiveram participação na produção da bebida. Em 2020, dez pessoas morreram após contaminação da cerveja.

Compareceram à audiência os sócios da empresa Ana Paula Silva Lebbos, Munir Franco Khalil Lebbos e Hayan Franco Khalil Lebbos. Eles são acusados de lesão corporal, homicídio e tentativa de homicídio culposo por meio de contaminação de alimentos. 

Segundo a assessoria de imprensa do Fórum Lafayette, a primeira a falar foi Ana Paula, sócia-proprietária e diretora de marketing da Backer. Durante o depoimento, ela afirmou que não tinha contato com o parque industrial nem com a produção de cerveja, atuando somente na divulgação e publicidade da cervejaria.

Além de enfatizar que não tinham conhecimento sobre a produção da cerveja, eles disseram não participar dos processos de compra e manutenção dos equipamentos na época da contaminação.

Ana Paula também informou que após o Ministério da Agricultura apontar a possível contaminação, o departamento dela acionou os meios de comunicação e a imprensa avisando a população para não consumir a cerveja Belorizontina.

Os irmãos Munir e Hayan prestaram depoimentos separados, mas ambos disseram que não tinham função na cervejaria. Eles afirmaram que só passaram a integrar a sociedade por ocasião da separação dos pais, pois no acordo de divórcio ficou acertado que eles assumiriam a parte da mãe.

Munir ainda disse que não frequentava a fábrica, mas que os restaurantes que ele administrava adquiria as cervejas da Backer. Já Hayan disse que frequentava a cervejaria apenas quando o pai solicitava para assinar algum documento como sócio.

A previsão é que outros sete réus ainda prestem depoimento até a próxima quinta-feira (30). Testemunhas de acusação e de defesa - vítimas, funcionários, parentes dos donos da empresa e de pessoas que faleceram, além de técnicos especialistas em produção de cerveja - já prestaram depoimento à Justiça.

Relembre 

O caso ocorreu em janeiro de 2020, quando surgiram relatos de contaminação envolvendo moradores do bairro Buritis, na região Oeste de BH. Após investigação, constatou-se que havia uma ligação entre os casos: todos haviam consumido a cerveja Belorizontina, produzida pela Backer.

Análises realizadas nas bebidas constataram a presença de substâncias tóxicas aos seres humanos, o monoetilenoglicol e dietilenoglicol. Inicialmente, buscou-se indícios de uma possível sabotagem na linha de produção da empresa, o que foi descartado. 

Em junho daquele ano, a investigação da Polícia Civil indicou que a contaminação ocorreu devido a um furo no sistema de refrigeração de um dos tanques utilizados pela cervejaria.

Em agosto de 2020, um relatório do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento confirmou a ocorrência de contaminações desde janeiro de 2019, afastando a possibilidade de ser um evento isolado no histórico de produção da cervejaria.

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