(Gil Leonardi/Imprensa MG)
INDIANÓPOLIS (MG) – O governo federal aceita manter a concessão das usinas de Jaguara, Miranda e São Simão com a Cemig, desde que a companhia pague os R$ 11 bilhões a título de bonificação de outorga até 10 de novembro. O problema, agora, é o caixa da estatal. Além de um dívida de R$ 12,5 bilhões, a empresa possui apenas R$ 2 bilhões disponíveis.
O presidente da Cemig, Bernardo Alvarenga, confirmou que o martelo foi batido ontem, durante ato em defesa da manutenção da concessão das usinas da Cemig, realizado na usina de Miranda, em Indianópolis (Triângulo Mineiro).
O leilão, marcado para 27 de setembro, no entanto, está mantido até que a concessionária mineira apresente garantias de que tem condições de pagar a bonificação. De acordo com Alvarenga, um plano está em desenvolvimento para levantar recursos.
A intenção, ainda segundo o presidente da companhia, é pedir empréstimos junto a bancos. Ele admite a possibilidade de recorrer ao Banco Nacional De desenvolvimento Econômico (BNDES).
Conseguir o financiamento está mais fácil para a Cemig do que no primeiro trimestre. Balanço da energética aponta que a relação dívida líquida sobre lajida, que mostra a capacidade da empresa de honrar os compromissos aos bancos, chegou a 3,98 vezes no segundo trimestre. No primeiro trimestre, era de 4,21 vezes. É interessante que o número fique abaixo de quatro para mostrar credibilidade.
Outra possibilidade da Cemig é conseguir um sócio para os ativos. Embora a participação de estrangeiros no leilão seja criticada pelo governador, a estatal não descarta uma união com empresas de outros países, inclusive com os chineses. Participar do certame seria a última opção.
Impacto na tarifa
Se as usinas forem a leilão, a expectativa é a de que haja um aumento de aproximadamente R$ 0,30 na conta de luz a cada 100 quilowatts-hora (KWh), conforme adiantado pelo Hoje em Dia na edição de ontem e confirmado pelo presidente da estatal em Indianópolis. O aumento diz respeito ao repasse dos R$ 11 bilhões que serão pagos ao governo ao consumidor.
Como a Cemig também precisará remunerar o governo, caso a negociação seja concretizada, o impacto na tarifa será mantido mesmo que as usinas não troquem de mãos.
A título de comparação, um casal com filhos consome, em média, 200 KWh por mês. Isso significa que ao final de 30 dias o impacto na conta deles seria de R$ 0,60.
A bandeira vermelha, utilizada para remunerar as distribuidoras quando o nível dos reservatórios cai, tem reflexo quase dez vezes maior no bolso do consumidor. A cada 100 KWh, é cobrado R$ 3,00. Ela está em vigor atualmente.
Embora o aumento para o cliente da Cemig seja praticamente nulo, o efeito para os investidores da estatal mineira pode ser devastador. Afinal, juntas, Jaguara, Miranda e São Simão têm capacidade para gerar 36,6% da energia e do caixa Cemig Geração. O Governo do Estado, principal acionista da companhia, seria o principal prejudicado.
Elas possuem 2.542 megawatts de potência, o suficiente para abastecer os estados do Amazonas (4 milhões de habitantes) e Tocantins (1,5 milhão).
A repórter viajou a convite da Cemig
SAIBA MAIS
Políticos, empresários e representantes de movimentos sociais e sindicais participam ontem de um ato pela manutenção da concessão das usinas Miranda, Jaguara e São Simão, da Cemig. O evento foi realizado na usina de Miranda, em Indianópolis. Pelo menos 400 integrantes da Central Única dos Trabalhadores (CUT), do Movimento dos Sem Terra (MST) e do Movimento dos Atingidos pelas Barragens (MAB) estavam no local. “Nós estamos dispostos a arranjar uma solução negociada. O que nós não queremos é que venham, na mão grande, botar nossas usinas no leilão para o estrangeiro comprar e depois vender energia cara para os mineiros e mineiras. Isso nós não vamos aceitar”, disse o governador Fernando Pimentel. (Com Agência Minas)