(Cemig/Divulgação)
A União venceu mais uma batalha sobre a Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig). O Superior Tribunal de Justiça (STJ) derrubou a liminar que suspendia o leilão das quatro hidrelétricas operadas pela estatal mineira, marcado para 27 de setembro. Dessa forma, o risco de a energética perder Jaguara, Miranda, Volta Grande e São Simão, a maior da companhia, aumenta. De novo.
Com a confirmação do certame, possíveis compradores começam a se movimentar. Incluindo a própria Cemig, que pode se aliar aos chineses para disputar os ativos.
De acordo com informações do vice-presidente da Câmara dos Deputados, Fábio Ramalho (PMDB), a concessionária apresentaria ontem uma carta de fiança de R$ 1,9 bilhão. Com o documento em mãos, a empresa garante o pagamento pelos ativos, caso ela vença o certame. Se ela não pagar, o banco que emitiu o papel assume tal responsabilidade.
O problema é que o valor pleiteado pelo governo federal para reduzir o déficit fiscal é de R$ 11 bilhões, bem superior ao que a Cemig tem em mãos. O restante do dinheiro seria fornecido pelos chineses. Eles ficariam com as usinas de São Simão e Volta Grande, enquanto a Cemig continuaria operando Jaguara e Miranda.
A título de comparação, o valor de mercado da estatal, calculado sobre as ações que ela possui, é de aproximadamente R$ 10,6 bilhões. Além disso, a empresa tem apenas R$ 2 bilhões em caixa, além de R$ 12,5 bilhões em dívidas com vencimento até 2024.
“O cenário da Cemig não é bom. Ela precisa pagar dívidas, não fazer mais. Se fizer mais empréstimos, a empresa irá na contramão do necessário para que ela recupere a saúde financeira. Depois que atingir equilíbrio financeiro, a Cemig pode partir para outros projetos”, afirma o analista de Utilities da Lopes Filho, Alexandre Montes.
Segundo uma fonte ligada às negociações, que não quis se identificar, a decisão do STJ não foi uma surpresa para a companhia. “Internamente, a Cemig já sabia que a liminar ia cair. Muitos nem contam com as três usinas no portfólio mais”, diz. Juntas, as usinas são responsáveis por quase 40% da geração da concessionária. E, consequentemente, quase 40% do caixa da Cemig Geração. A energética não quis se pronunciar sobre o assunto.
Gestão
Se por um lado a Cemig conseguiria manter pelo menos duas das quatro usinas no portfólio ao associar-se aos chineses, que detêm o dinheiro, por outro, os sócios asiáticos conseguiriam um preço melhor na energia gerada graças a uma parceria com a estatal mineira.
O motivo é simples. Hidrelétricas são ativos únicos. Cada empreendimento possui peculiaridades que exigem conhecimento do operador para que o maior lucro seja atingido. Como a Cemig opera as usinas desde que elas foram construídas, dificilmente alguma outra empresa conseguiria resultados melhores no valor do megawatt-hora (MWh).
“Os asiáticos estão muito fortes no setor e têm dinheiro para comprar as usinas. A Cemig é capaz de oferecer a melhor eficiência no comando delas. É uma parceria de peso”, analisa outra fonte ligada à Cemig.