Centenas de afegãos protestaram nesse sábado (21) contra alegações de fraude nas eleições presidenciais da última semana, parte de uma escalada de tensões sobre um processo que autoridades do ocidente esperavam que fosse uma transferência de poder tranquila. O ex-ministro de Relações Exteriores Abdullah Abdullah, que concorre com Ashraf Ghani Ahmadzai, ex-ministro das Finanças, acusou oficiais das eleições de tentar manipular as urnas contra sua candidatura.
Abdullah anunciou nesta semana que ele estava cortando relações com a Comissão Eleitoral Independente e se recusaria a reconhecer quaisquer resultados que ela anunciasse. Ele também sugeriu que a Organização das Nações Unidas (ONU) participasse, ideia apoiada pelo presidente Hamid Karzai, impedido constitucionalmente de tentar se reeleger para um terceiro mandato.
A divulgação dos resultados iniciais parciais da eleição, aguardada para este sábado, foi adiada, segundo informou a agência de notícias Xinhua. A divulgação atrasará "alguns dias", informou o presidente da comissão eleitoral Ahmad Yousuf Nouristani. Ele disse este sábado que a comissão encaminhará qualquer preocupação que Abdullah possa ter. Resultados preliminares são aguardados para o dia 2 de julho e a divulgação final, para o dia 22.
Cerca de mil apoiadores de Abdullah se reuniram em Cabul para protestar contra a comissão eleitoral, acusando-a de fraude. "Nosso voto é nosso sangue e lutaremos por ele", diziam. Centenas de policiais cercaram o protesto, que foi pacífico. Em outra manifestação, centenas de apoiadores de Abdullah marcharam para a parte norte da capital rumo ao aeroporto, quando eles foram parados por um bloqueio policial.
O representante da ONU para o Afeganistão, Nicholas Haysom, disse a imprensa que está em contato com os candidatos. "Parte da mensagem que temos para eles é que haverá um vencedor e um perdedor e esperamos que os candidatos mostrem postura de estadistas e não de jogadores", declarou. Ele afirmou que a ONU iria procurar formas de trazer "cuidado extra" para a apuração.
Espera-se que o próximo presidente do Afeganistão assine um aguardado pacto de segurança, o qual permitiria que 10 mil tropas americanas permaneçam no país. Ambos os candidatos prometeram assinar o pacto. Fontes: Associated Press e Dow Jones Newswires.
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