Pacientes que usaram o anestésico cetamina (ou ketamina) como “antidepressivo” em três clínicas privadas dos Estados Unidos apresentaram “melhoria significativa” nos sintomas de depressão, ansiedade e pensamento suicida, segundo estudo publicado nesta segunda-feira (12) no Journal of Clinical Psychiatry.
A pesquisa “fornece mais alguns dados reais, o que é incrivelmente importante” porque ajuda a mostrar o potencial do remédio para uso na população em geral, afirmou o pesquisador Gerard Sanacora,da Escola de Medicina da Universidade de Yale (EUA), em entrevista à emissora americana CNN.
Apesar de parecer um resultado animador, o estudo deixa algumas lacunas sérias, incluindo possíveis efeitos colaterais no uso “off-label” (fora do recomendado) da cetamina e comparações diretas com outros medicamentos disponíveis.
Esse poderoso anestésico é muito usado em hospitais. O problema é que costuma ser usado de forma ilegal como droga, devido às alterações psicológicas que gera, incluindo alucinações.
No estudo atual, de acordo com a CNN, foram analisados dados de 424 voluntários com depressão resistente a remédios e que foram tratados com cetamina entre novembro de 2017 e maio de 2021 nas três clínicas localizadas no estado americano da Virgínia. Durante cada visita à clínica, os participantes preencheram questionários sobre saúde física e mental. Cada paciente recebeu seis doses intravenosas do anestésico durante 21 dias de tratamento.
Seis semanas após o início do uso da medicação, segundo os pesquisadores, metade dos participantes responderam bem ao tratamento e 20% tiveram remissão dos sintomas depressivos. Após 10 aplicações, as taxas de resposta e remissão foram de 72% e 38%, respectivamente.
Metade dos pacientes que tiveram pensamento suicida estavam em remissão após seis semanas, e houve redução de 30% nos sintomas de ansiedade ao longo do tratamento, de acordo com o estudo.
As melhorias indicadas na fase inicial do tratamento foram semelhantes às dos remédios orais e da estimulação magnética transcraniana para depressão resistente, esclarecem os cientistas.
É preciso lembrar que esse estudo não foi do tipo “cego” (quando pesquisadores e voluntários não sabem o que está sendo usado) e nem contou com grupo controle (que recebe placebo). Além disso, os cientistas não avaliaram os pacientes que se recusaram a usar cetamina e os resultados foram baseados em questionários autorrelatados.
“Acho que esse é um tratamento muito importante para ser adicionado ao nosso arsenal de combate a distúrbios graves de humor e doenças psiquiátricas, mas temos que usá-lo com responsabilidade e cuidado”, comentou Gerard Sanacora à CNN.
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