A Controladoria-Geral do Município (CGM) vai apurar se mais um servidor de São Paulo está envolvido com a quadrilha de fiscais acusada de fraudar a arrecadação de impostos. O auditor Edison Steinberg, que deve ser ouvido primeiro como testemunha nesta quarta-feira, 27, pelo órgão, é citado em depoimento ao Ministério Público Estadual (MPE) como frequentador do escritório do grupo apelidado como "ninho da corrupção" e teria relatado um caso de extorsão policial.
Steinberg foi citado por uma testemunha protegida identificada como "Alpha". No documento, ele é descrito como "um bom amigo para Ronilson (Bezerra Rodrigues, apontado como líder do esquema), que frequentava o escritório". O local, situado no centro da capital, era usado por Rodrigues e pelo também auditor Eduardo Horle Barcellos para a prática de crimes, diz o MPE. No local, foram achados R$ 88 mil em dinheiro.
A testemunha é uma mulher, que se diz íntima de Rodrigues. Segundo ela, o subsecretário da Receita na gestão Gilberto Kassab (PSD) contou que Steinberg "verificava na Polícia Civil a existência de alguma investigação contra si". "Certa vez, Edison (Steinberg) revelou que existia investigação contra vários fiscais e o delegado de polícia, apenas para fazer a verificação, exigiu R$ 7 mil de cada investigado", afirma. Ele é o 13.º auditor cuja atuação será apurada pela CGM.
O relato da testemunha afirma que "alguns auditores pagaram" o policial, "até mesmo Rodrigues e Barcellos". O episódio foi revelado pelo Estado no dia 15 de novembro. No entanto, nem o nome nem o departamento do delegado foram revelados. O caso é investigado pela Corregedoria da Polícia Civil.
A reportagem procurou Steinberg ontem por meio da assessoria da Secretaria Municipal de Finanças. No entanto, a pasta informou que não poderia fornecer o contato do servidor por se tratar de questão pessoal.
O depoimento de Steinberg está marcado para as 10h30. Apesar dos indícios, ele será ouvido na qualidade de testemunha. Antes dele, deve prestar depoimento, também como testemunha, o auditor fiscal Leonardo Leal Dias da Silva, ex-diretor do Departamento de Arrecadação e Cobrança da Prefeitura, que pediu exoneração após seu nome aparecer nas investigações. Outra testemunha protegida do MPE afirmou que ele estava entre os "fiscais que estão envolvidos no esquema de arrecadação indevida de dinheiro de comerciantes". Silva nega as acusações. Até agora, 12 funcionários já foram afastados ou exonerados. Os servidores de carreira responderão a processos administrativos. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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