NICOSIA - O Chipre está em meio a "duras negociações" com seus credores para evitar a falência e se prepara para anunciar "grandes decisões", afirmou o porta-voz do governo, Christos Stylianidis.
"Em poucas horas seremos chamados a tomar grandes decisões para responder a difíceis dilemas", declarou o porta-voz.
As autoridades buscam um resgate financeiro sem o qual os bancos, fechados há uma semana pelo temor de uma retirada em massa de recursos, poderiam ficar na segunda-feira sem o aporte de liquidez do Banco Central Europeu (BCE).
"O presidente da República e o governo estão mantendo duras negociações com os credores (UE-BCE-FMI) para alcançar soluções que salvem o sistema bancário e a economia em geral", disse.
"O Parlamento está convocado a tomar grandes decisões em breve. Sem dúvidas, teremos aspectos dolorosos em qualquer decisão tomada, mas o país tem que ser salvo", disse.
O porta-voz se referia a uma sessão extraordinária do Parlamento, prevista para a tarde desta sexta-feira, na qual será examinado um pacote de oito projetos de lei, com o qual o país espera arrecadar sete bilhões de euros.
A arrecadação é condição indispensável para que a UE e o FMI concedam ao Chipre um resgate de 10 bilhões de euros.
Na quinta-feira, o Banco Central Europeu (BCE) afirmou que, sem acordo com a UE e o Fundo Monetário Internacional, na segunda-feira deixará de fornecer liquidez aos bancos, que ficariam assim à beira da ruína.
"As próximas horas determinarão o futuro deste país. Todos devemos assumir nossa responsabilidade", declarou Stylianidis.
Fontes europeias ameaçaram retirar o Chipre da Eurozona, para evitar um contágio a outros países do bloco da moeda única como Grécia, Espanha e Itália.
Os bancos gregos começaram a comprar as filiais locais das entidades cipriotas Bank of Cyprus, Cyprus Popular Bank (CPB) e Hellenic Bank, anunciou o ministério das Finanças de Atenas.
"O procedimento para a aquisição dos bancos cipriotas na Grécia por parte de um grupo bancário grego começou, em cooperação estreita com o Banco Central do Chipre", afirma o ministério em um comunicado.
A medida garante "a estabilidade" do sistema bancário grego e "os depósitos dos cidadãos do país nos bancos cipriotas", completa o texto.
Em Moscou, o primeiro-ministro russo, Dmitri Medvedev, afirmou que o país não fechará a porta a um apoio ao Chipre, mas destacou que primeiro Nicósia deve chegar a um acordo com a UE para sair da crise.
"Não fechamos a porta. Estamos dispostos a discutir distintos modos de apoio uma vez que a UE e o Chipre tenham elaborado um esquema definitivo", disse, ao lado do presidente da Comissão Europeia, José Manuel Barroso.