(David Parry)
Dois voluntários que experimentaram pedaços de hambúrguer produzido em laboratório deram boas notas sobre a textura, mas ambos concordaram que faltava algo. "Eu sinto falta do sal e da pimenta", disse a nutricionista austríaca Hanni Ruetzler. O jornalista norte-americano Josh Schonwald confessou sua dificuldade em julgar um hambúrguer "sem ketchup, cebola, jalapeños ou bacon.''
A dupla deixou de lado o pão, alface e fatias de tomate oferecidos para se concentrar na carne.
Mark Post, o cientista holandês que liderou o grupo que fez com que carne fosse produzida a partir de células-tronco bovinas, lamentou ter servido o prato sem seu acompanhamento favorito: queijo gouda. "Isso teria melhorado muito a experiência", disse ele à Associated Press. Ele afirmou estar contente com os comentários. "Não foi perfeito, mas é um bom começo."
Post, cujo grupo da Universidade de Maastricht na Holanda desenvolveu o hambúrguer ao longo de cinco anos, espera que a produção de carne em laboratório possa, eventualmente, ajudar a alimentar o mundo e a combater as mudanças climáticas, embora esse objetivo esteja provavelmente a uma década ou duas de distância, na melhor da hipóteses.
"Os primeiros produtos de carne (feitos em laboratório) serão muito exclusivos", disse Isha Datar, diretor da New Harvest, organização de pesquisa sem fins lucrativos que promove alternativas à carne. "Estes hambúrgueres não estarão disponíveis antes de alguém rico e famoso tê-los degustado."
Os cientistas acham que melhorar o sabor provavelmente não será difícil. "Sabor é o problema menos importante, já que pode ser controlado ao permitir que algumas células-tronco se transformem em células de gordura", disse Stig Omholt, diretor de biotecnologia da Universidade Norueguesa de Ciências da Vida, que não está envolvido no projeto.
O grupo de Post produziu a carne a partir de células do músculo do pescoço de duas vacas criadas de forma orgânica. As células foram colocadas numa solução de nutrientes para se transformarem em tecido muscular, que então se transformaram em pequenos filamentos de carne.
Foram necessários 20 mil filamentos para produzir um único hambúrguer de 140 gramas que, para o evento desta segunda-feira foi temperado com sal, ovo em pó e farinha de rosca. Suco de beterraba e açafrão foram adicionados para ajudar o hambúrguer a ter mais aparência de carne. Segundo Post, a carne de laboratório tem uma coloração amarelada. Fonte: Associated Press.
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