Dias depois de 150 especialistas estrangeiros pedirem, em carta aberta, o adiamento da Olimpíada no Rio por causa do risco de propagação do zika, foi a vez de cientistas brasileiros se posicionarem. Desta vez, em defesa do evento. Um grupo de oito pesquisadores ligados à Fundação Oswaldo Cruz e à Fundação Getúlio Vargas divulgaram um documento em que listam argumentos para a manutenção do evento.
Eles argumentam que, para se avaliar o risco de infecção de turistas, é preciso levar em conta o comportamento histórico de doenças ligadas ao Aedes aegypti. Tradicionalmente, completam, doenças transmitidas pelo vetor têm redução importante em agosto.
Para avaliar o risco de transmissão do vírus zika durante a Olimpíada, os pesquisadores consideraram o histórico de casos de dengue desde 2010. Eles estendem o raciocínio para o zika.
Semana passada, o ministro da Saúde, Ricardo Barros, já havia classificado como exagero a carta dos cientistas estrangeiros. Ele argumentou que a própria diretora da Organização Mundial da Saúde, Marareth Chan, viria à cerimônia. Um gesto, na avaliação do ministro, que sinalizaria o apoio às medidas que o Brasil estaria adotando.
O esforço para tentar reduzir a resistência à Olimpíada deve continuar. Na próxima sexta, o ministro tem agendado um encontro com correspondentes estrangeiros. A ideia é demonstrar, durante a entrevista, a segurança do evento no Brasil.
No manifesto divulgado semana passada, cientistas estrangeiros sustentaram que o evento ajudaria a acelerar a disseminação do vírus zika, responsável por epidemias em pelo menos 46 países. Na carta, autores do documento acusam a OMS de não adiar o evento para evitar conflito de interesses.
Especialistas lembram que OMS e Comitê Olímpico Internacional firmaram um acordo em 2010. Esse fato, avaliam, poderia ter abalado a isenção da OMS para avaliar riscos de saúde pública na Olimpíada.
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