Cientistas já testam mosquitos da dengue modificados

Depois da experiência realizada na Malásia e nas Ilhas Cayman, cientistas querem agora introduzir no Panamá mosquitos geneticamente modificados por uma empresa britânica. A promessa é a de combater de forma mais rápida e eficiente o transmissor da dengue.

Conforme os primeiros resultados divulgados na edição online da revista britânica Nature Biotechnology, no fim do ano passado, após a inserção dos mosquitos de laboratório, a população do Aedes aegypti nas Cayman caiu. Segundo a publicação, foi a primeira vez que a técnica, até então prevista só na teoria, funcionou na prática, em ambiente selvagem.

O experimento foi feito por pesquisadores da Universidade de Oxford, apoiados pela empresa privada Oxytec. Os mosquitos OGM (organismos geneticamente modificados) são machos que competiriam com seus congêneres pelas fêmeas, cuja descendência morre por não conseguir sobreviver à fase de larva na água, a menos que receba um suplemento nutritivo.

A técnica e a modificação genética geram muitos temores entre grupos de ecologistas, ainda mais porque, até o momento, não há autorizações para este tipo de prática e os projetos para compra dos mosquitos OGM da Oxytec devem aguardar autorizações oficiais. Néstor Sousa, diretor do Instituto Comemorativo Gorgas de Estudos de Saúde, com sede no Panamá, tenta tranquilizar os críticos. “Os efeitos adversos teóricos existem, mas não há um risco real”, afirma, acrescentando que este método de controle é “mais seguro para o ambiente” do que o uso de inseticidas. “Trata-se de nova tecnologia para controlar as populações de mosquitos ‘Aedes aegypti’ (...)”. Além disso, assegurou que não há impacto ecológico ao eliminar o mosquito porque eles manteriam funções no ecossistema.