Cientistas usam células-tronco para regenerar corações de macacos

Fábio de Castro
10/10/2016 às 20:54.
Atualizado em 15/11/2021 às 21:11

Um grupo de cientistas do Japão utilizou células-tronco da pele de um macaco para regenerar células cardíacas danificadas em outros cinco macacos que tinham doenças no coração. O novo estudo, publicado nesta segunda-feira, 10, na revista Nature, pode ser um primeiro passo para um novo tratamento baseado em células-tronco para vítimas de ataques cardíacos.

De acordo com os autores do estudo, os testes nos macacos mostraram que as células-tronco injetadas foram rapidamente incorporadas nas áreas danificadas dos corações dos animais e ajudaram o órgão a bater de forma mais vigorosa.

"Ao serem transplantadas, as células musculares do coração (cardiomiócitos) derivadas das células-tronco da pele se integraram eletricamente aos cardiomiócitos dos animais submetidos ao tratamento, melhorando a capacidade de contração do coração danificado, sem nenhum sinal de rejeição do sistema imune", disse o coordenador do estudo, Yuji Shiba, da Universidade Shinshu (Japão).

Ele afirma, no entanto, que a técnica também aumentou a incidência de ritmos cardíacos irregulares. Por isso, segundo Shiba, é preciso realizar novos estudos para determinar se o novo tratamento pode ser considerado seguro o bastante para testes em humanos. "Acredito que podemos controlar essa arritmia pós-transplante", declarou Shiba.

Rejeição

Cientistas já haviam tentando, em estudos anteriores, tratar sobreviventes de ataques cardíacos retirando células da pele do próprio paciente para convertê-las em cardiomiócitos e auxiliar na recuperação do coração. A vantagem é que as células cardíacas não seriam rejeitadas pelo sistema imune, mas o procedimento é muito longo e caro.

No novo estudo, os cientistas japoneses tentaram outra abordagem. Eles provocaram ataques cardíacos em cinco macacos e trataram os danos em seus corações com os cardiomiócitos criados a partir das células da pele de um macaco doador.

O doador foi selecionado de acordo com a compatibilidade genética, mas, ainda assim, os macacos que receberam o tratamento precisaram de drogas para impedir que seus organismos rejeitassem as novas células.

Segundo Shiba, os macacos que receberam a injeção de cardiomiócitos produzidos em laboratório tiveram cerca de 16% do tecido danificado do coração substituído. As novas células se misturaram às células saudáveis que restavam no coração e, em 12 semanas, já faziam o órgão bombear o sangue com mais vigor.
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