CINEMA

Cinebiografia acompanha ascensão e queda do empresário mineiro Eike Batista

Paulo Henrique Silva
phenrique@hojeemdia.com.br
Publicado em 26/09/2022 às 10:48.
O ex-bilionário ganha uma atuação magnetizante de Nelson Freitas (Paris Filmes/Divulgação)

O ex-bilionário ganha uma atuação magnetizante de Nelson Freitas (Paris Filmes/Divulgação)

O filme “Eike – Tudo ou Nada” segue de perto um dos principais conceitos do protagonista: não ter medo de fazer. Em cartaz nos cinemas, a história do empresário mineiro Eike Batista, que chegou a ser um dos homens mais ricos do mundo, ganhou um formato atraente, próximo às cinebiografias americanas sobre personagens controversos.

O roteiro não tem receio em empacotar o personagem numa embalagem, de certa maneira, heroica e simpática, que conduz o nosso interesse até o final devido a ingredientes como carisma, arrojo, inteligência, imprevisibilidade e, principalmente, o fato de nunca se contentar com um “não”. É a história de um jogador sem limites e “suicida”.

Baseado no livro homônimo de Malu Gaspar, o filme dirigido pela dupla Dida Andrade e Andradina Azevedo trilha um caminho que nos remete a obras como “O Aviador”, de Martin Scorsese, sobre o famoso empresário megalômano Howard Hughes, em sua combinação de excentricidade, fascínio e empreendedorismo.

Para que essa carta desse certo, os realizadores fizeram escolhas que podem soar polêmicas, ao colocar num plano menor a questão da corrupção, por exemplo. Optaram por entrar na mente vertiginosa de Eike e em sua capacidade de surpreender constantemente, como um carro acelerado que tem a sorte de encontrar vários sinais verdes pelo caminho.

Interessante observar que boa parte do filme se passa no escritório de Eike, exibindo suas jogadas altas, a ponto de levar o governo a recuar no leilão dos blocos de pré-sal após ele contratar vários especialistas em petróleo da estatal brasileira. O empresário não desistiu e partiu para outros campos inexplorados, mesmo sem saber se não passavam de um blefe.

“Eike” se concentra nesse período, em que a rápida ascensão e queda do protagonista nos possibilita vislumbrar uma espécie de lobo solitário, sozinho em seu ideário. Ele é seu próprio inimigo. Por mais que se cerque de pessoas capacitadas, elas parecem longe de acompanhar a verdadeira faceta, ao criar um Estado paralelo, um reino autossuficiente marcado pela enigmática letra X.

Mesmo quando traz um personagem do povo, que deposita expectativas altas de ganhar dinheiro com ações, a narrativa não perde esse foco sobre um homem que só deixa de lado a majestade quando, enfim, entra no sistema estatal, no pior sentido da palavra. “Eike” também acerta na atuação magnetizante de Nelson Freitas, que emula o empresário com perfeição.

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