Caros amigos e seguidores deste exímio blog,
Ao preparar o Bombou desta semana, encontrei dificuldades na busca por notícias que, na minha visão, não mudariam as suas vidas. O Brasil parece ter se calado. Perceberam? A nossa missão, enquanto jornalistas, é, justamente, falar sobre o que cada um de vocês passa. O acidente que vitimou a tripulação da Chapecoense, na Colômbia, além de nos trazer uma imensa tristeza, também nos colocou em posição de alerta. Eu posso apostar que você também tem refletido sobre a passagem da vida. Não tem? Pensei em decretar luto por aqui. Mas não é essa a ideia. O luto, claro, é importante. Mas espero que ele seja nosso aliado, e não nosso vilão. E é por isso que a gente não precisa odiar a morte. Podemos nos alegrar por onde um dia existiu vida. Aqui vai o melhor do entretenimento de alguns dos atletas da Chapecoense. Isso pode não mudar a sua vida, mas quem disse que precisa mudar?
Obrigada pela compreensão.
Danilo, o herói apaixonado
"Preta que mexe comigo, ela é um perigo, não faz isso comigo não, preta". AÔ, menino apaixonado, sô! Você aí, achando que o herói da Chape só defendia gol e não fazia nenhum, né não? Pois é, rapaz. Danilo Padilha também se amarrava numa malemolência, viu? Nesse vídeo, gravado e divulgado pelo próprio jogador, a música da dupla Lucas e Orelha é trilha sonora dos primeiros passos de Lorenzo, seu filho, em um campo de futebol. Aos 31 anos, Danilo tornou-se ídolo. Defendeu uma bola que parecia já estar no gol. Classificou o seu time. Elevou o nome do clube pelo qual servia há mais de 150 jogos. A verdade que não importa qual música alegrava o coração do goleiro mais querido dos últimos tempos. No passaporte de Danilo, descansa o carimbo só de ida pra felicidade.
Cléber, o capitão cheio de amor
"Nunca se esqueça, nenhum segundo, que eu tenho o amor, maior do mundo, como é grande, o meu amor, por você". APAIXONADO! Se podemos dizer alguma coisa sobre Cléber Santana, o capitão da Chape, é que o cara tinha amor pra dar e vender, viu? Nas redes sociais, o jogador, de 35 anos, fazia questão de demonstrar publicamente o seu amor por sua mulher. No vídeo abaixo, o casal, em um clima de puro romance, entoa uma das canções mais famosas do rei dos românticos, Roberto Carlos. Cléber vivia uma das melhores fases de sua carreira na Chapecoense. Nada mais justo pra uma despedida. No voo da vitória, o capitão mais querido do verde e branco, ficou.
Bruno Rangel, o artilheiro iluminado
"Você chegou querendo tudo o que o tempo não te deu e que levou de você". Vasculhando as publicações de Bruno Rangel, o maior artilheiro da história da Chapecoense, não encontrei muitas referências "artísticas" como nas páginas dos outros jogadores. Mas notei que, em todos as postagens, várias pessoas comentam #Iluminado. Pra falar de um ser de luz, nada melhor que a canção de outro cheio de luz, Vander Lee. Rangel se foi aos 34 anos. Incansável, o homem que espalhava generosidade por onde ia foi viver, justamente, num lugar em que a escuridão não chega.
Kempes, o atacante do samba
"Tá sempre perfumada, de roupa importada, vagabundo azarando e ela nem aí. Se liga aí segurança, traz a pulseirinha que ela quer subir". EEEEITA PAGODE DA ALEGRIA ESSE DO REVELAÇÃO, SÔ! Não sei se vocês repararam, mas em quase todas as imagens do time da Chapecoense que vimos nos últimos dias, o atacante Kempes aparece segurando um cavaquinho. E não segurava só, não. O rapaz tocava e cantava pra um dos times mais alegres dessa temporada no futebol. Kempes também se foi aos 34 anos. Foi sacudir a cabeleira mais pagodeira já vista neste país onde tempo ruim não chega!
Eu poderia colocar imagens e peculiaridades de cada integrante da Chapecoense e de cada jornalista que se foi nesse trágico acidente. Não posso me estender, mas gostaria que vocês, ao olharem pra essas imagens, sorrissem junto comigo. Sim, eu estou sorrindo. De orelha a orelha. A mensagem que o time da Chapecoense me deixa é muito clara: a vida não é fácil, nem deve ser, mas, se possível, e sempre que possível, devemos nos jogar na felicidade. Nenhum de nós sabe o dia de amanhã, por mais clichê que essa afirmação pareça. Por alguma razão, eles se foram antes de nós. Que saibamos ser em vida ao menos o que eles foram em cada episódio aqui brevemente relatado: felizes.
Na minha visão, não há mal algum em ter a certeza de que, mais do que nunca, eles ficaram.
São campeões.
#ForçaChape
Homenagem a tripulação na Arena Condá:
*Com Mariana Nogueira, sob a supervisão de Mateus Rabelo