Bady Curi Neto*
Esta semana, após uma reviravolta jurídica e política, com vários acontecimentos “bombásticos” como do depoimento de Antonio Palocci ao Juiz Sérgio Moro, a prisão dos executivos da JBS e o constrangimento do Procurador Geral da República em convocar uma coletiva de imprensa, denominando fatos como gravíssimos, que na realidade não passavam de bravatas, a imprensa publicou uma foto do Rodrigo Janot, em um bar, com o advogado, Pierpaolo Bottini, que representa os executivos Joesley Batista e Ricardo Saud.
O flagra, denominado como uma cena constrangedora, ocorreu em Brasília, em uma mesa de bar, onde Janot e o advogado conversaram por cerca de 20 minutos.
Segundo relatou o advogado, o encontro ocorreu ao acaso. “Na minha última ida a Brasília, este fim de semana, cruzei casualmente com o Procurador Geral da República, num local público e frequentado da capital. Por uma questão de gentileza, nos cumprimentamos e trocamos algumas palavras, de forma cordial. Não tratamos de qualquer questão outra ou afeita a temas jurídicos. Foi uma demonstração de que as diferenças no campo jurídico não devem extrapolar para ausência de cordialidade no plano das relações pessoais.”
Realmente não há nada de constrangedor o advogado conversar com o procurador, seja em um bar, em um restaurante ou mesmo que mantenha uma relação de amizade, os dois são operadores do direito, cada um exercendo seu papel profissional que não se misturam e não atrapalham a relação pessoal e de cordialidade. A ex-adversidade se resume apenas no campo jurídico, onde cada qual defende o interesse de quem representa, o advogado de seus Constituintes e o Procurador Geral do Estado Acusador.
O que às vezes causa estranheza aos olhos de quem não milita na área jurídica, é o fato de nós, operadores do direito, estarmos em polos opostos em um processo judicial e não no relacionamento pessoal.
Digo isto porque sou advogado militante há aproximadamente 25 anos e nunca me tornei inimigo de colegas que advogam para a parte contrária à do meu cliente.
Em processos judiciais sempre há um autor e um réu, representados por seus advogados, promotores, procuradores, advogados do Estados etc. A discussão, a “briga” jurídica deve se ater, exclusivamente, ao campo processual, caso contrário, os fóruns e os tribunais seriam os maiores octógonos do planeta, fazendo inveja a qualquer MMA.
O fato de o Procurador Geral, Rodrigo Janot, ter encontrado ou encontrar com o advogado ex-adverso em nada abala a reputação de ambos. Destaca-se que o encontro se deu ao acaso e depois de Janot ter pedido a rescisão do acordo de colaboração premiada e a prisão dos executivos da JBS, o que demonstra, apenas, civilidade e cordialidade entre o acusador e o defensor, cada qual exercendo seu múnus profissional, o resto é Teoria da Conspiração, no caso, furada.
(*) Advogado, ex-juiz do TRE-MG, fundador do escritório Bady Curi Advocacia Empresarial