Cobertura jornalística do conflito sírio é um trabalho de detetive

Por Iskandar Kat/AFP
03/08/2012 às 13:13.
Atualizado em 22/11/2021 às 00:07

PERTO DE ALEPPO- A guerra na Síria, marcada por um poder ditatorial, especialista na arte da propaganda, e rebeldes desorganizados dificulta que os jornalistas comprovem as notícias divulgadas por cada lado, tornando a cobertura um verdadeiro trabalho de detetive.

Neste conflito, os jornalistas têm a alternativa de entrar ilegalmente pelo norte do país, controlado principalmente pelos rebeldes, e de se deslocar com sua escolta, como faz a maioria, ou tentar obter um visto, distribuído a conta-gotas.

 Como em todo regime autocrático, a imprensa se vê obrigada a ter o acompanhamento de um 'guia' do Ministério da Informação, o que limita os contatos com os opositores e não encoraja ninguém nas ruas a falar livremente. Caso passe de leve pela cabeça do jornalista driblar seu guia, ele pode ser detido pelos inúmeros agentes secretos que circulam pelas ruas.

Além disso, se por qualquer motivo um artigo incomoda as autoridades, o autor da matéria perde seu visto. Quanto aos profissionais que entraram no país clandestinamente, nunca mais poderão entrar oficialmente como "castigo". Por todas estas restrições, a maior parte da cobertura diária do conflito se baseia nas redes sociais, nos militantes contatados, principalmente via Skype, ou na mídia oficial, que, no geral, concentra-se em negar a realidade.

Desde o início da revolta, há mais de 16 meses, os jornalistas tentam selecionar e comprovar a avalanche de informações e vídeos distribuídos todos os dias através do correio eletrônico ou do YouTube.

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