(Lucas Prates/Hoje em Dia)
Quando Benjamin – atualmente com 7 anos de idade – perdeu um dos seus dentinhos, que havia acabado de cair, foi um “deus nos acuda”. “Ele ficou desesperado, chorou muito porque pensou que a Fada do Dente não ia aparecer.
Explicamos que ela é mágica e adivinha quando tem que passar na casa das crianças”, conta a mãe do garoto, a designer Ana Tereza Carneiro.
É cultural falar às crianças da “existência” de personagens como Fada do Dente e Papai Noel. Nesta época do ano, o Coelhinho da Páscoa fica ainda mais em voga. O assunto, entretanto, divide opiniões.
Há pais que defendem tais fantasias veementemente, por considerá-las, entre outras coisas, saudáveis à imaginação dos pequeninos. Outros, contudo, não incentivam sob o argumento de que trata-se de uma ilusão, em última instância, uma mentira.
Ana Tereza – que é também sócia do Padecendo no Paraíso, um grupo focado em assuntos ligados à maternidade – faz parte da ala que dá força a essas figuras “mágicas”. Para ela, o encanto ajuda a criança a passar por essa fase da vida, repleta de mudanças.
“Quando o dente cai, dói, deixa um buraco. A fada acaba tirando um pouco o foco do que aconteceu”, articula.
O episódio narrado no início da reportagem resume a seriedade com que a Fada do Dente é tratada na família. Com a confusão, Ana e o marido, o artista plástico Rogério Fernandes, acabaram esquecendo de deixar o “presente” da fada debaixo do travesseiro. Benjamin, claro, acordou arrasado.
“Dissemos a ele que a fada podia ter passado na casa da minha tia. Então, falamos com essa tia do ocorrido. No fim, deu certo”.
Educativo
Os personagens também costumam ter outra utilidade: a educação. Segundo Ana Tereza, às vezes, ela recorre a algum deles para dar uns “lembretes”. “A fada vem de todo jeito, mas o coelhinho pode não trazer (ovos de chocolate) se eles não se comportarem”.
O Papai Noel tem ainda mais força. “Ele aqui é igual ao Big Brother de ‘1984’, aquele que tudo vê”, brinca.
Os filhos de Ana Tereza ainda não perguntaram diretamente se os personagens são reais. Mas e se perguntarem? “Eles não querem perder esse encanto”, diz, acrescentando que, quando acontecer, dirá que “se a gente não acreditar, aquilo vai acabar”.
A psicóloga infanto-juvenil Adriana Abijaodi Vieira orienta aos pais a contar a verdade, caso a dúvida parta dos próprios filhos.