A Colômbia chorava neste domingo os 200 mortos por um deslizamento de terra em Mocoa, enquanto os socorristas lutavam contra o tempo para buscar sobreviventes e o governo enviava ajuda humanitária, após as chuvas torrenciais que também atingiram Peru e Equador.
para baixo um balanço anterior de 234 mortos.
Em Mocoa, capital de Puntamayo, devastada pelo transbordamento de três rios à meia-noite de sexta-feira, os trabalhos de resgate já haviam sido retomados. Sob um céu nublado, mas sem chuva, pessoas caminhavam entre barcos, pedras, galhos de árvore e escombros em busca de entes queridos, ou para tentar recuperar seus pertences.
A maior parte dos bairros atingidos é pobre e com a população deslocada pelo conflito armado de meio século que atinge a Colômbia, de acordo com testemunhas. Marta Ceballos, uma vendedora ambulante de 44 anos, perdeu tudo na catástrofe, mas comemora o fato de ela
e sua família estarem vivas. "Bendito Deus, não quero nem lembrar disso. Ver como alguns gritavam, outros choravam, corriam, de carro,
de moto, e como a terra ia envolvendo a todos. Foi muito, muito duro", contou à AFP sobre o caos criado pelo deslizamento.
"Estava chovendo, e chove toda noite. Amanheceu e continuou chovendo", acrescentou a mulher, também vítima do deslocamento forçado pela violência. Para este domingo, são anunciadas na região "chuvas rápidas, ou chuviscos", que, aos poucos, deverão diminuir de intensidade.
"Estima-se uma diminuição das precipitações para segunda e terça-feira da próxima semana", indicou o Instituto de Hidrologia, Meteorologia e Estudos Ambientais da Colômbia (Ideam), citado pela Presidência.
Repercussão
liderar, no sábado, os trabalhos de ajuda e reconstrução.
Em sua conta no Twitter, o presidente disse que avançava no restabelecimento das estradas, e falou sobre o apoio humanitário enviado para a remota localidade, onde ao menos duas pontes foram destruídas, segundo o Exército.
Além disso, agradeceu ao Papa Francisco por dar sua "voz de alento". "Lamento profundamente a tragédia que atingiu a Colômbia", disse Francisco durante uma missa em Carpi, no norte da Itália. "Rezo pelas vítimas, e quero garantir minha proximidade daqueles que choram pelos desaparecidos",
acrescentou o pontífice, que tem uma visita à Colômbia prevista para setembro.
União Europeia.
Mocoa, de 40.000 habitantes, continua sem energia elétrica e água corrente, serviços que o governo tenta restabelecer o quanto antes e cuja falta é amenizada por toneladas de equipamentos levados à área. "Não há energia. Não temos água. Nada", assegurou à Blu Radio Rocío Hernández, enquanto carregava seu bebê para subir, no sábado, uma montanha, para se refugiar e passar a noite em um albergue.
Esta jovem mãe solteira teve que sair correndo no meio da noite, debaixo de chuva, e o medo de que um deslizamento de terra se repita ainda a persegue. Este deslizamento supera o último grande desastre natural na Colômbia, que ocorreu em Salgar, a 100 km de Medellín, e deixou 92 mortos em maio de 2015.
A "natureza e a magnitude do evento, a catástrofe, a tragédia, é tremenda", disse à AFP Martín Santiago, chefe da ONU para a Colômbia. Ele destacou como o ocorrido em Mocoa mostra que as mudanças climáticas estão gerando episódios mais extremos. "Vemos os resultados tremendos do ponto de vista da intensidade, da frequência e da magnitude destes efeitos naturais", assinalou.
As fortes chuvas na América do Sul não atingiram somente a Colômbia. O Peru vem sendo afetado desde o início do ano por chuvas e deslizamentos de terra que, até o momento, deixaram 101 mortos e mais de 1 milhão de danificados. No Equador, foram registradas 21 mortes desde janeiro, com 9.409 famílias atingidas.