(Luis Acosta/AFP )
Sentimentos de tristeza e angústia dominavam neste sábado (24) os familiares e amigos dos cinco desaparecidos após a explosão de uma mina ilegal de carvão na Colômbia, na qual morreram oito mineiros.
Édgar Liz dedicou 35 de seus 53 anos à mineração no município de Cucunubá, a 90 km de Bogotá, onde na tarde de sexta-feira (23) a concentração de gás metano provocou o desastre, que também deixou um ferido.
Nas mais de três décadas de trabalhos debaixo da terra, nunca presenciou um acidente como este. E tampouco imaginou que fosse acontecer com um parente: seu filho Andrés Antonio Liz, de 35 anos, é um dos cinco desaparecidos.
"Isso é duro para um pai, ter uma notícia dessas sem saber se está vivo ou se já faleceu, pois temos que esperar para ver o que os organismos de socorro dizem", disse Liz visivelmente comovido.
Andrés Antonio trabalhava há um mês e meio em um dos dois túneis onde aconteceu a explosão. "Ele dizia que a mina estava bem ventilada, embora na área houvesse muito gás", assinalou o pai.
Duas pessoas próximas a Ana Milena Torres também são procuradas pelas autoridades, que enviaram mais de 35 socorristas e sete engenheiros para que trabalhem de forma "ininterrupta" no resgate, segundo indicou a estatal Unidade Nacional para Gestão de Risco de Desastres (UNGRD).
"Tristeza, dor, porque essas são pessoas que conhecemos há muitos anos, que compartilharam coisas", explicou esta mulher de 38 anos.
Busca "ininterrupta"
Segundo o diretor da UNGRD, Carlos Iván Márqueza, as duas minas, conhecidas como Cerezo e Cuasco, estavam conectadas e exploravam o mineral de forma subterrânea.
O funcionário assegurou que ambas as jazidas têm uma inclinação de 45 graus, o que prejudica as operações de resgate, embora tenha destacado a boa oxigenação e que não houve inundações.
"Escutamos uma explosão que tremeu as casas, as telhas, parecia que os vidros iam quebrar, saiu um mundo de terra, uma chama terrível. Meu Deus, ficamos todos em choque", explicou María Cristina Salazar, de 47 anos.
O presidente Juan Manuel Santos, que na sexta-feira finalizou uma visita à França, lamentou a tragédia e ordenou a transferência ao local de "mineiros especialistas". "A força pública também (irá) para apoiar", tuitou.
A Agência Nacional de Mineração assegurou que neste município há 44 minas legais e um número similar de irregulares. Em um relatório, a entidade afirmou que nos primeiros cinco meses de 2017 houve na Colômbia 28 emergências de mineração, que deixaram 23 mortos e 33 feridos. Cerca de 60% destes acidentes ocorreram em minas de carvão. Em 2016 foram registrados 114 emergências deste tipo, com um balanço de 124 mortos, detalhou o relatório.
A produção de carvão encerrou 2016 com uma "cifra histórica" para a Colômbia, acima de 90 milhões de toneladas, segundo o Ministério de Minas e Energia.