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O placar da votação da denúncia criminal contra o presidente Michel Temer, que rejeitou a denúncia por 263 votos contra 227, mostra que o governo do peemedebista deve ter forças para concluir o mandato, mas terá dificuldade para aprovar medidas que precisam de maioria mais robusta, afirmou a cientista política Maria do Socorro Sousa Braga, da Universidade Federal De São Carlos (Ufscar).
Maria do Socorro se disse surpresa com o tamanho da margem da vitória de Temer. Por outro lado, o número se mostrou aquém do necessário para a aprovação de reformas como a da Previdência. "Do jeito que está não passa, provavelmente vai precisar ser bastante modificada", disse.
Além disso, a pesquisadora acredita que desgaste com esta votação indica uma possível fragmentação da base aliada, o que deve fazer com que o voto dos demais deputados fique ainda mais caro de ser aliciado pela base governista.
"Isso tem a ver com 2018", ponderou a coordenadora do Núcleo de Estudo dos Partidos Políticos Latino-americanos (NEPPLA), notando a situação do PSDB, que deu 22 votos favoráveis à rejeição da denúncia e 21 pela continuação da investigação, e do DEM, que liberou a bancada e teve 5 votos contra o peemedebista.
Maria do Socorro nota também a situação do PSD, do ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, um dos cotados para o Planalto no ano que vem, também se mostrou bastante dividido na votação (22 votos a favor do relatório e 14 contrários). E que o próprio PMDB registrou 6 votos contra o presidente.
"Com isso, cresce a imprevisibilidade", diz, lembrando que ainda resta saber o impacto de desdobramentos como as novas delações, o julgamento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na segunda instância e a próxima denúncia do procurador-geral da República, Rodrigo Janot. (Marcelo Osakabe - marcelo.osakabe@estadao.com)
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