(Riva Moreira/Hoje em Dia)
Os preços das carnes suína e bovina já estão mais salgados para o consumidor belo-horizontino e tendem subir mais nas próximas semanas. Essa elevação se deve não só pelo crescimento da demanda nesta época do ano, mas também pela alta do dólar e ampliação das exportações, principalmente para o mercado chinês. Na última segunda-feira, a moeda americana atingiu R$ 4,206, recorde na era do real.
Os produtores preferem negociar o alimento para o exterior, que paga em dólar, do que no mercado doméstico, onde o real perde força. Ainda mais porque a China teve boa parte do rebanho de porco (cerca de 40%) dizimada este ano pela peste suína africana.
O aumento da importação do país asiático já reflete no preço doméstico desde o início deste semestre, mas tenderá a ganhar força nas próximas semanas, caso o dólar continue alto.
Os preços também ficam mais salgados em razão da chegada das festas de fim de ano, o que, neste caso, é um motivo sazonal.
De agosto até terça-feira, o quilo do animal vivo em Minas Gerais passou de R$ 4,54 para R$ 5,44, alta de 16,5% a favor do produtor. O aumento foi calculado pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada) (Cepea).
“A expectativa é que os preços dos suínos, tanto do animal (vivo) quanto da carne (abatido), continue em patamares elevados por causa da demanda interna e da externa. Se o dólar está alto, é mais atrativo vender no mercado externo, o que reduz (a oferta) no mercado interno, provocando alta no preço”, disse Juliana Ferraz, analista do Cepea.
Especialistas acreditam que a China irá importar de todo planeta, em 2020, aproximadamente 4,6 milhões de toneladas de suínos. Para este ano, a compra de lá já será considerada recorde: de 3,1 milhões de toneladas a 3,3 milhões de toneladas. A título de comparação, a China importou 2,1 milhões de toneladas em 2018.
A escalada do preço da carne suína reflete também no da bovina, pois muitos consumidores tendem a migrar se o quilo do porco subir.
O servidor José Luiz Moreira já sentiu no bolso a alta dos preços. “O jeito é pesquisar. Compro, em média, 20 quilos de carne para minha casa e o quilo do acém, por exemplo, passou de R$ 12 para R$ 15 (alta de 20%)”.
A dona de casa Marilene Teixeira também reclama da escalada dos preços: “O quilo da alcatra e do contrafilé, que em média custava R$ 16 no mês passado, está em torno de R$ 27 (aumento de quase 40%). Ai da gente se não pesquisar”, recomendou.