Com alta dos combustíveis, cresce a procura por conversão de veículos ao gás natural

Lucas Borges
lborges@hojeemdia.com.br
10/01/2018 às 20:55.
Atualizado em 03/11/2021 às 00:42
 (Maurício Vieira/Hoje em Dia)

(Maurício Vieira/Hoje em Dia)

As sucessivas altas nos preços dos combustíveis obrigaram o consumidor a buscar alternativas na hora de abastecer o veículo. Para diminuir os gastos em tempos de crise e de gasolina a mais de R$ 4,20 em BH, alguns motoristas estão abandonando o derivado do petróleo ou o etanol. Nesse cenário, uma opção que há tempos vinha sendo esquecida, mas que voltou a ganhar força nos últimos meses, é o Gás Natural Veicular (GNV).

Segundo dados da Companhia de Gás de Minas Gerais (Gasmig), 260 veículos foram convertidos para o GNV do início de abril e 10 de dezembro do ano passado. Já no período de 11 de dezembro de 2017 a 8 de janeiro deste ano, foram realizadas 130 conversões.

O aumento na procura é justificado pelas sucessivas altas no preço da gasolina, que ocorreram principalmente de dezembro até agora, e por uma iniciativa promovida pela Gasmig, que busca incentivar o uso do GNV.

Desde o final de 2017, a estatal vem oferecendo um bônus de R$ 2 mil para quem fizer a conversão para o GNV e regularizar o veículo.

Após seguir os passos descritos no regulamento da promoção, que está disponível no site da Gasmig, o consumidor terá o valor depositado em uma conta virtual que vai ser criada e, em seguida, receberá um cartão de débito para desfrutar do montante como bem entender. Dá para comprar uma geladeira, por exemplo, ou até mesmo ajudar na despesa com a conversão, que custa em torno de R$ 5 mil.

Quem destaca a economia feita a partir do uso do GNV é o motorista de aplicativo Willian de Carvalho, que adaptou o veículo há dois anos. “O GNV é a melhor opção, sem dúvida. Eu fiz um cálculo e percebi uma economia gritante com o GNV, de cerca de 40%. Eu rodo em torno de 160 quilômetros com R$35 de combustível. Se fosse na gasolina, eu gastaria de R$70 a R$80”, destaca. 

Aumento na procura 

Proprietário da Gasflex, localizada no bairro Betânia, região Oeste de Belo Horizonte, Mauro Bopp destaca o expressivo aumento no movimento nos últimos meses. 

“Desde os últimos aumentos do ano passado a demanda subiu 40%. Na virada do ano, com esse último reajuste, mais a promoção da Gasmig, a procura aumentou 100%. Para se ter ideia, só tenho disponibilidade para depois do Carnaval”, revela. 

Quem também comemora o aumento na demanda é Hudson Gonçalves, dono da Eldorado Gás Gás, em Contagem, que trabalha com o GNV desde 2002. “A procura cresceu cerca 50% desde o início da promoção. Eu tenho 16 anos de mercado e posso dizer que esse é o período de maior movimento desde então”, conta. 
 

Willian de Carvalho adaptou o veículo há dois anos: “Rodo em torno de 160 quilômetros com R$35 de combustível. Se fosse na gasolina, eu gastaria de R$ 70 a R$ 80”


Além das oficinas convertedoras, os postos da capital também vêm apresentando um grande movimento. A reportagem percorreu alguns estabelecimentos e percebeu um intenso fluxo de veículos. 

Gerente do posto Santo Agostinho, na região Centro-Sul de BH, Washington Dias, revela que além do aumento na demanda, vários motoristas adeptos aos combustíveis tradicionais, vem buscando informações sobre o GNV. “A procura tem crescido bastante, principalmente com o aumento de carros com aplicativos. Muita gente vem abastecer e pergunta sobre o funcionamento do veículo com GNV, se vale a pena ou não”. 

Especialistas alertam que carros podem perder potência e registrar maior desgaste no motor

Apesar da economia gerada a partir do baixo custo do Gás Natural Veicular em relação ao preço dos demais combustíveis, o consumidor tem que estar atento a possíveis limitações que a adaptação ao GNV pode gerar ao veículo. 

Entre as principais desvantagens do uso do GNV, apontadas por especialistas, estão a perda de potência no motor e o comprometimento da embreagem. Como o motorista terá que acelerar mais, haverá também maior desgaste em componentes do motor, como os cabos de vela, além da perda de espaço no porta-malas, em função dos cilindros de gás instalados no local. 

Os motoristas também devem estar atentos ao tempo em que o investimento na compra do kit de adaptação será recuperado. Esse período varia de acordo com a quilometragem rodada e o preço da gasolina no momento da conversão. 

Entretanto, os fatores que poderiam pesar contra na hora de adaptar o veículo ao GNV parecem não desmotivar os consumidores.

Questionado se o uso do gás é vantajoso, o taxista Renato Filho foi enfático, destacando a economia gerada no abastecimento. “Vale a pena, com certeza (o uso do GNV). Até porque, a velocidade permitida na cidade é de 60 quilômetros, então, não precisa de um carro mais potente. A minha economia gira em torno de 50% a 60%. Com base no preço da gasolina, eu gastaria R$ 100. Hoje gasto de R$ 50 a R$ 55”, disse. 

Quem corrobora com o discurso do taxista é a motorista de aplicativo Luciana Rosa, que minimiza as possíveis limitações que a adaptação poderia gerar, enfatizando o alto preço dos outros combustíveis. 

“Eu consigo economizar cerca de 60% com o gás. Dá uma reduzida na potência do veículo, mas, mesmo assim, vale a pena. A gente não dá conta de pagar R$4,30 em um litro de gasolina, é um absurdo. O GNV já pesa menos no bolso”.

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