(Reprodução / Instagram)
Não é só pelo que ele faz dentro de campo (como se fosse pouco). Nem apenas pelos títulos internacionais. A contratação do português Cristiano Ronaldo pela Juventus, que pagou a multa rescisória de 100 milhões de euros (cerca de R$ 450 milhões) para tirar o astro do Real Madrid, é também uma aposta do clube no que um atleta diferenciado como seu novo camisa 7 pode trazer de benefícios fora dos gramados. E os primeiros resultados não poderiam despertar mais otimismo.
No dia em que a contratação foi anunciada, o valor das ações da Juventus na Bolsa de Milão disparou 50% após oscilar em 5% no último ano. Mesmo quando a negociação ainda era vista apenas como um rumor, houve valorização de quase 30%.
A expectativa é de um boom nas receitas do clube italiano, há uma década o 10.º colocado na lista dos mais ricos do futebol mundial, de acordo com a consultoria Delloite. O crescimento estimado com a chegada do craque na equipe é de pelo menos 30% em um ano. Em 2017, a Juventus registrou receita de quase 406 milhões de euros (R$ 1,8 bilhão).
Para o especialista em marketing esportivo Fábio Wolff, sócio-diretor da agência Wolff Sports, a Juventus será beneficiada de diversas formas. "A contratação vai fazer o clube melhorar sua receita com público, patrocínio, eventos, licenciamento e contratos com a televisão", previu. "A disparada das ações nada mais é do que o mercado financeiro demonstrando que vê com bons olhos a contratação do atleta pelo clube".
A chegada de Cristiano Ronaldo em Turim também representa uma possibilidade de o futebol italiano se reerguer. Badalada nos anos 1980 e 1990, a liga nacional perdeu prestígio, audiência e interesse do mercado internacional nas últimas décadas. Neste ano, um duro golpe aos torcedores do país, que viram a sua seleção nacional ficar fora de uma Copa do Mundo pela primeira vez em 60 anos.
Para especialistas, Cristiano Ronaldo é peça-chave na tentativa de retomada. "É um grande momento para a liga italiana. Uma chance de crescer", analisou o pesquisador Fernando Fleury, sócio da agência de monitoramento do mercado esportivo Armatore e PhD na área pela USP. "O Campeonato Italiano perdeu status e o Cristiano Ronaldo é um chamariz para recuperar o prestígio. É uma estrela de ponta que pode levantar todo um torneio".
O principal indicativo desta valorização - que se traduz em lucro para os clubes -, é na transmissão do torneio pela televisão. A Lega Calcio, que organiza o Campeonato Italiano, vendeu no início deste ano os seus direitos por 3,15 bilhões de euros (R$ 14,2 bilhões) pelo triênio 2019/2022 para a MediaPro, da Espanha. A RAI, da Itália, acertou a renovação da transmissão de TV da Copa da Itália pelos próximos três anos por 106 milhões de euros (R$ 478 milhões). Como as negociações foram concluídas antes da contratação de Cristiano Ronaldo, o impacto no valor da venda dos direitos de transmissão só será sentido após o período de duração dos atuais acordos.
No Brasil, os jogos do Campeonato Italiano são mostrados por duas emissoras - Fox Sports e ESPN -, que revezam as partidas da Juventus a cada rodada. "A presença de uma grande estrela faz com que as pessoas queiram acompanhar e ver os jogos", disse Fernando Fleury. "No Brasil, são poucas emissoras interessadas no futebol italiano. Isso vai mudar".
"A liga francesa cresceu muito com a chegada de Neymar no PSG e tende a se valorizar mais pelo título da seleção na Copa e o destaque de Mbappé (também do Paris Saint-Germain)", lembrou Fábio Wolff. "Quanto mais astros, mais valorizados os direitos. O Brasileirão, se conseguíssemos segurar alguns bons nomes que hoje estão na Europa, seria mais valorizado em todos os sentidos".
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