(Flávio Tavares/ Hoje em Dia)
Belo-horizontinos que abasteceram os carros ontem se surpreenderam com o combustível mais caro na bomba em alguns postos. Três dias após a Petrobras anunciar redução de 3,2% na gasolina, estabelecimentos foram na contramão e aumentaram o valor do litro do produto.
Segundo o Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do Estado de Minas Gerais (Minaspetro), o preço do combustível foi alterado pelas distribuidoras devido à elevação do álcool anidro. O Sindicato da Indústria de Fabricação do Álcool no Estado (Siamig) rechaça a explicação dos revendedores.
Três centavos
No posto Tropical, na avenida Antônio Carlos, por exemplo, a gasolina que custava R$ 3,466 na semana passada, ontem era vendida R$ 3,496 o litro. Conforme o proprietário Anderson Jota, os R$ 0,03 de diferença dizem respeito ao aumento imposto pela distribuidora.
“Repassamos o que recebemos. A companhia alega que teve aumento do álcool anidro e que a alta foi maior do que a redução da Petrobras”, justifica.
A gasolina encontrada nas bombas é composta por 27% de álcool anidro. Nos últimos sete dias, houve um encarecimento de 4,8% no produto, segundo a Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz da Universidade de São Paulo (Esalq/USP).
Em uma conta simples, o aumento de 4,8% sobre a participação do álcool anidro refletiria em 1,3% de alta no preço do litro do combustível misturado. Como o “desconto” dado pela Petrobras foi de 3,2%, ou seja, superior ao aumento do álcool, o esperado após um encontro de contas era retração de 1,9% no preço. O que não aconteceu.
O presidente da Siamig, Mario Campos, ressalta que o álcool anidro está em um processo de elevação há dois meses. O motivo é a produção menor neste ano, efeito da seca nas áreas canavieiras.
“O preço já vinha em alta, não podemos misturar as coisas, não é correto culpar as usinas de álcool. Pode ser que as distribuidoras e postos precisassem recompor a margem de lucro. Cada um estabelece a margem de lucro, é um mercado livre”, pondera o executivo.
Ele destaca, ainda, que impostos não foram contabilizados no valor final. Ou seja, os índices podem sofrer alterações. “É um mercado altamente competitivo. É possível que nos próximos meses haja uma redução do preço em função da pressão da concorrência”, destaca Campos.
O diretor do MinasPetro, Bráulio Chaves, cogita a possibilidade de que nem todas as distribuidoras tenham repassado a alta no preço do etanol anidro ao longo do ano e, portanto, estejam elevando o preço agora. Entre 8 de julho e 14 de outubro houve elevação de 26,9% no valor do anidro.
Os representantes do Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis e de Lubrificantes (Sindcom) não foram encontrados.