(Flavio Tavares)
Os sucessivos aumentos nos preços dos combustíveis vêm impactando diretamente no bolso do consumidor. Empresas alegam prejuízo e já repassam custos do frete para diversos produtos, apertando ainda mais o orçamento doméstico.
Segundo dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), o valor médio do litro da gasolina para o consumidor final teve alta pela 13ª semana consecutiva.
Em Minas Gerais, o usuário já paga até R$ 4,423 pelo litro do derivado do petróleo. Já o diesel, chega a R$ 3,41.
Os motoristas que dependem especialmente da gasolina e do óleo diesel para fazer o transporte de mercadorias garantem já somar prejuízo de até R$ 9.300 por semana, desde que os valores dos combustíveis dispararam nos últimos meses.
Para compensar esse aumento no custo operacional, que também englobam fatores como a inflação e a elevada carga tributária, os empreendedores, muitas vezes, repassam as altas para o consumidor final. Em alguns casos, o impacto chega a majorar em até 25% o valor final dos produtos.
Gerente financeiro da transportadora Transcapuxin, Diogo Carvalho afirma que os efeitos da alta dos combustíveis têm sido pesados para as empresas.
“Temos um consumo semanal perto de 15 mil litros de óleo diesel. Se compararmos com outubro do ano passado, em que pagávamos R$ 2,89 no litro, e hoje, que está a R$ 3,40, temos um prejuízo em torno de R$ 9.300 por semana, mais de R$ 35 mil por mês”, afirma.
Segundo o gerente, a alta dos derivados do petróleo faz com que a interferência no preço final do produto ou serviço seja inevitável. Diogo Carvalho destaca, no entanto, que o repasse para o consumidor final não tem sido total.
“Tentamos repassar o preço para o cliente. Mas, nessa crise, nem sempre é possível. Não conseguimos repassar o mesmo percentual do aumento, nem na mesma velocidade”, afirma.
Quem depende das transportadoras também sofre com os impactos do aumento do preço dos combustíveis. Dono do Sacolão Real, em BH, Herbert Luiz, revela que, mesmo adotando uma política de redução de custos, incluindo a terceiri-zação do serviço de delivery, não foi possível evitar que a alta viesse embutida no preço final dos produtos.
“Houve de 20% a 25% de aumento no preço final do produto no último ano. Mas, além da nossa classe, quem mais absorveu essa situação foram os produtores rurais, que diminuíram seu ganho, e chegaram até a trabalhar no vermelho, com prejuízos”.
Julio Esaki, que tem uma produção de hortaliças em Jaboticatubas, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, disse que tem buscado alternativas para minimizar as altas dos combustíveis, mas que, mesmo assim, teve quedas nos rendimentos.
“A gente tem se reunido com os vizinhos para tentar fazer menos fretes e consolidar um sistema mais resistente de produção. Também investimos na manutenção dos veículos, para evitar o gasto excessivo de combustível. Mesmo assim, tivemos uma queda de 8,5% no faturamento, no último ano”, garante.