Com o apoio do PSDB, o presidente da Câmara de São Paulo, José Américo (PT), será reeleito para um novo mandato em 2014. O anúncio feito pelos tucanos nesta sexta-feira, 6, pela manhã minou a articulação que era feita por alguns oposicionistas, incluindo o vereador Eduardo Tuma (PSDB), a favor da candidatura do vereador Milton Leite (DEM).
A eleição na Câmara Municipal ocorre no dia 15. O "fair-play" adotado pelos dois partidos, rivais históricos, tenta impedir o renascimento de um "centrão" fisiológico na Câmara da capital paulista. "O Parlamento precisa ser governado por uma coalização entre os dois grandes partidos. Como ocorreu neste ano. É a regra da proporcionalidade que precisa ser respeitada", afirmou Américo nesta sexta-feira, ao lado do líder do PSDB na Câmara paulistana, Floriano Pesaro. Ao todo, o presidente da Câmara de São Paulo tem uma lista com 38 assinaturas de apoio - ele precisa de 28 votos dos 55 vereadores para ser reeleito.
"Lutamos para compor as duas maiores forças políticas do País. Isso permite manter uma estabilidade política necessária na Casa para um ano que vamos analisar o Plano Diretor", emendou Pesaro. "Respeitar o princípio da proporcionalidade é respeitar a vontade das urnas", acrescentou. Américo afirmou que o acordo proporcional permite a manutenção dos tucanos, donos da segunda maior bancada, com nove vereadores, na Primeira-Secretaria da Mesa Diretora. "O PSDB também vai ficar com a comissão mais importante, que é a da Política Urbana, responsável pelo Plano Diretor", disse.
Ele também espera receber nesta sexta à tarde o apoio do PSD, dono da terceira maior bancada, com oito parlamentares. Até hoje, porém, integrantes da legenda do ex-prefeito Gilberto Kassab ainda esperavam ganhar mais adesões à candidatura de Leite. Como isso não ocorreu, a sigla respeitará a proporcionalidade e votará em Américo para se manter com a Vice-Presidência da Casa, hoje com o vereador Marco Aurélio Cunha (PSD), que se recusava a apoiar o vereador do DEM, assim como Goulart (PSD).
Os vereadores oposicionistas Gilberto Natalini (PV) e Ricardo Young (PPS) também adiantaram apoio à reeleição de Américo. Nesta quinta-feira, 5, à noite, ciente da debandada de apoios à candidatura, Leite declarou que não disputaria a eleição. "Não sou candidato", afirmou. Para o biênio 2015-2016 na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp), o "fair-play" adotado pelo PSDB no Legislativo municipal pode também assegurar a manutenção de deputados estaduais tucanos no comando da Mesa Diretora, hoje presidida pelo deputado Samuel Moreira (PSDB), com o apoio do PT.
Votações
O acordo tenta ainda pacificar os ânimos de parlamentares da Câmara que perderam cargos nas subprefeituras, após votar contra o aumento do Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) - eles agora se recusam a votar projetos considerados prioritários pela gestão do prefeito Fernando Haddad (PT), a menos de 15 dias do fim do ano legislativo. Haddad quer aprovar até o dia 17 duas parcerias público-privadas (PPPs) que permitirão à Prefeitura de São Paulo terceirizar o gerenciamento de 32 terminais de ônibus e de 1,3 mil novas vagas de estacionamento.
Na Câmara, Leite tinha o apoio de líderes históricos que tentavam refundar o "centrão" que comandou a Casa entre 2005 e 2010, casos dos vereadores Roberto Tripoli (PV), Adilson Amadeu (PTB) e Wadih Mutran (PP). Kassab também apoiava nos bastidores a candidatura de Leite, que tinha garantido pelo menos quatro dos oito votos da bancada do PSD.
O ex-prefeito de São Paulo também entrou em campo na eleição do Legislativo e tentava angariar apoios para Leite. Kassab chamou Cunha para uma reunião, mas o ex-diretor de Futebol do São Paulo argumentou que votaria respeitando a proporcionalidade das bancadas. (Colaborou Adriana Ferraz)
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