Com queda na Selic, poupança e fundos perdem para a inflação projetada em 12 meses

Raul Mariano
31/10/2019 às 21:20.
Atualizado em 05/09/2021 às 22:29
 (Editoria de Arte)

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O terceiro corte consecutivo na taxa básica de juros em 2019 tornou a poupança e os fundos de renda fixa ainda menos atraentes. Com a Selic caindo para 5% ao ano – menor percentual das últimas três décadas – a remuneração oferecida pelos bancos também diminui e tende a incentivar a migração das aplicações financeiras, apontam especialistas. 

Com o corte de 0,5 ponto percentual oficializado na quinta-feira, o rendimento da poupança recua de 3,85% para 3,43% – 0,11% abaixo da projeção de inflação oficial para os próximos 12 meses. O mesmo acontece com os fundos de renda fixa.


Significa dizer que, em 2020, a Selic pode se tornar menor que a inflação, ou seja, criar um quadro de juro negativo. Na prática, os valores colocados na poupança iriam diminuir ao invés de crescer ao longo do tempo.

Para efeito de comparação, a Selic estava em 14,25% em 2016. Ou seja, chegou a um nível três vezes menor em um intervalo de pouco mais de dois anos e meio. Com a queda, as perdas para quem tem algum dinheiro poupado também são inevitáveis. 

Economista e professor de finanças pessoais, Paulo Vieira explica que a tendência é de novos cortes nos juros até o fim do ano, já que o governo utiliza a ferramenta para tentar reaquecer a economia ainda em crise. 

“Há uma mudança de comportamento começando a acontecer. As pessoas, se quiserem ganhar um pouquinho mais, vão ter que estudar o mercado e descobrir novos tipos de investimento”, explica Vieira.

Hoje, exemplifica o professor, a cada R$ 100 aplicados na poupança, o investidor ganha cerca de R$ 0,30 por mês. O baixo retorno, explica, incentiva a procura por modalidades de investimento como os fundos multimercado, que podem contar, simultaneamente, com papéis de renda fixa, ações de empresas, moedas, dentre outros. 

Cuidados
As alternativas à poupança são variadas, mas para fazer a melhor escolha é importante levar em conta a tolerância ao risco. “A melhor opção financeira nem sempre é a que te oferece o rendimento mais elevado. É importante lembrar que quanto maior o retorno, maior o risco daquela aplicação”, alerta Vieira. 

A rentabilidade da poupança equivale a 70% da taxa de juros, somada à Taxa Referencial (TR) que hoje está zerada. Com a Selic a 5%, o rendimento recua de 3,85% para 3,43% – 0,11% abaixo da projeção do IPCA para os próximos 12 meses. Ou seja, os rendimentos tendem a ser corroídos pela inflação

É importante atentar, também, para as sugestões de investimentos feitas pelos bancos.

Em muitos casos, as instituições podem oferecer opções aparentemente vantajosas sem informar todas as condições daquela operação financeira.

A orientação é do professor do Departamento de Economia da PUC Minas, Pedro Paulo Pettersen. 

“As previdências privadas, por exemplo, são aplicações indicadas para quando você busca garantir um rendimento futuro mais próximo da sua renda atual.

No entanto, é preciso avaliar os critérios de contratação porque podem existir taxas de administração que tornam o investimento menos atraente do que parece”, destaca. 

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