Com um pé na Bolsa de Valores: pelo menos 15 empresas, entre elas 3 mineiras, vão abrir capital

Janaína Oliveira
joliveira@hojeemdia.com,br
27/01/2017 às 22:24.
Atualizado em 15/11/2021 às 22:36

Após um ano em que o Ibovespa, principal índice da BM&F Bovespa, teve disparado o maior ganho entre as demais modalidades de investimentos, a expectativa para 2017 é que as ofertas iniciais de ações (IPOs, na sigla em inglês) ocupem um espaço de destaque no mercado financeiro.

Segundo analistas, entre 15 e 20 companhias preparam-se para trilhar esse caminho, considerado uma alternativa para captar investimentos e fazer a empresa crescer. A estimativa é que os lançamentos possam movimentar mais de R$ 20 bilhões.

Entre as companhias que encontram-se em processo mais avançado estão as locadoras de veículos Movida Participações e a mineira Unidas e o Instituto Hermes Pardini, grupo de medicina diagnóstica que nasceu em Minas. As três apenas aguardam autorização da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para fazer a abertura de capital.


Um dos maiores do setor do país, o Hermes Pardini vem investindo forte na ampliação e especialização da capacidade técnica, produtiva e científica, com o propósito de ampliar a sua atuação no mercado nacional. Segundo pedido de registro de oferta protocolado na CVM, considerando-se o teto da faixa indicativa de preço, o valor por ação deve variar entre R$ 17 e R$ 21,50. A expectativa é movimentar até R$ 1 bilhão.

Hoje, o Hermes Pardini opera em mais de 110 unidades, está presente em Minas, São Paulo, Rio de Janeiro e Goiás e detém as marcas Hermes Pardini, Diagnóstika, Padrão, Progenética, Biocod e Cemedi. A assessoria de imprensa informou que a empresa está em período de sigilo, obedecendo as regras da CVM. Unidas e Movida não se posicionaram.

Mas na lista de candidatas que se estruturam estariam ainda outros nomes de setores diversos, como Log Commercial Properties, empresa de galpões industriais da incorporadora MRV; a rede de academias Bio Ritmo/Smart Fit; Hapvida; Biotoscana e NotreDame Intermédica, no ramo de saúde, Caixa Seguridade e ainda as varejistas Carrefour e Netshoes, entre outras. Tudo Azul, subsidiária de milhagens da Azul, também estuda a realização de oferta neste ano, seguindo os passos das concorrentes Gol e Latam.

Jejum

A quantidade de empresas que planejam abrir capital em 2017 é, em parte, explicada pelo jejum de IPOs após um período prolongado de crise na economia e na política brasileira. Foram 16 meses sem nenhuma oferta inicial até o lançamento de ações da empresa de diagnósticos de imagem Alliar, controlada pelo fundo Pátria, no final de outubro do ano passado.

No discurso de abertura do primeiro IPO da Bolsa desde junho de 2015, o diretor presidente da BM&FBovespa, Edemir Pinto, mostrou otimismo e confiança no fortalecimento no mercado de capitais. “O IPO da Alliar mostra que o caminho para a retomada de investimentos é a Bolsa. 2017 será o grande ano de IPOs para o mercado de capitais brasileiro”, afirmou Pinto, na ocasião.

A oferta inicial dos papéis movimentou R$ 766 milhões, com preço de R$ 20 por ação. No entanto, de lá pra cá, foi perdendo valor, chegando a R$ 14,45 no último dia 20, o que corresponde a uma perda de quase 28%.
A assessoria de imprensa disse que o grupo Alliar não está se manifestando sobre o assunto neste começo de ano.

Avaliação

Para o presidente do Instituto Mineiro de Mercado de Capitais (IMMC), Paulo Ângelo Carvalho de Souza, apesar da melhora em alguns aspectos econômicos, o cenário ainda é de incerteza e instabilidade. “Está se formando uma expectativa grande em torno do mercado de capitais, mas isso não acontece num estalar dos dedos. Ainda é necessário encontrar um ponto de equilíbrio entre os valores reais das empresas. E o investidor precisa ter cautela”, diz.

Na avaliação do sócio da PWC Brasil e especialista em mercado de capitais, Keiron Mcmamus, existem indicativos de que o setor será aquecido, já que pelo menos 15 empresas já estão com os projetos em andamento. Mas planejamento e infraestrutura são essenciais para o sucesso.

“Há muitos nomes na lista, até porque o IPO é uma das únicas formas no Brasil para uma empresa ganhar musculatura e crescer a longo prazo. Mas não adianta só fazer um lançamento bonito. Tem que ter sustentação, ação de boa qualidade, transparência na comunicação com o mercado. Caso contrário, a empresa perde credibilidade e o preço”, afirma o especialista.

© Copyright 2024Ediminas S/A Jornal Hoje em Dia.Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por
Distribuido por