Comerciantes comemoram alta nas vendas de produtos típicos do calor antes mesmo do fim do inverno

Paulo Henrique Lobato
16/09/2019 às 20:10.
Atualizado em 05/09/2021 às 21:47

A onda de calor que estacionou sobre Belo Horizonte em pleno inverno, com os termômetros registrando mais de 34°C, aqueceu em dois dígitos as vendas de empresas que, tradicionalmente, não apuram alto volume de negócios durante a estação que deveria ser a mais fria do ano.

Para surfar no verão fora de época, comerciantes adotaram estratégias que vão desde a ampliação do horário de funcionamento do estabelecimento à contratação de freelancer para reforçar a equipe de atendimento aos clientes.

Em alguns casos, as vendas praticamente dobraram, como na Furacão Ventiladores e Exaustores, no bairro São Cristóvão, região Nordeste da capital. “Em comparação ao mesmo período do ano passado, (as vendas) cresceram 90%. A gente não esperava este calor. Estamos sem estoque e tenho 15 pedidos para faturar em minha mesa. Há demandas de faculdades e escolas. Só terei garantia do estoque normalizado na sexta-feira próxima”, informou Paulo Leandro Coelho, supervisor da empresa.

O salto nas vendas também foi registrado em bares, restaurantes e sorveterias, como na unidade Frutos de Goiás no bairro Castelo, região da Pampulha, onde o proprietário, João Henrique Dario, planeja ampliar tanto o horário de atendimento ao público quanto a equipe de atendentes. 

“Ainda estamos no inverno e este calor nos chama atenção, pois percebemos um salto nas vendas de 35% nas duas últimas semanas. Vamos aumentar o número de funcionários, por meio de freelancer, em quatro ou cinco pessoas. Também passaremos a fechar uma hora mais tarde”, programa o empresário, satisfeito com o resultado das vendas.

O comerciante Filipe Matos, dono do OD Growler Station, casa especializada em chope artesanal no bairro Padre Eustáquio, região Noroeste da capital, também está animado com o inverno “às avessas”. “Tivemos um aumento em público e faturamento. Continuando este calor, pensamos em abrir uma hora mais cedo e fechar uma hora mais tarde para atender a demanda”, comemora Matos.

Previsão do tempo
Se depender dos termômetros, ele pode colocar a ideia em prática, pois, segundo o Instituto Clima Tempo, a temperatura ficará acima dos 30°C durante toda a semana. Na quinta-feira, por exemplo, a previsão é de 35°C. 

Oficialmente, o verão só começa no Brasil em 22 de dezembro. O inverno, atual estação, dará lugar à primavera em 23 de setembro.

 Com alta procura, aparelhos estão em falta ou mais caros

O salto na demanda por aparelhos que aliviam o calor fez produtos como umidificadores e climatizadores sumirem das prateleiras e o preço de ventiladores disparar em apenas uma semana. “Em sete dias, o valor do ventilador que eu havia pesquisado numa loja passou de R$ 190 para R$ 220 (15,7% a mais)”, lamentou Polyana Rodrigues.

Ela é dona de um centro de estética e pagou a diferença para que as clientes não sofram com a alta temperatura: “Na segunda-feira passada, pesquisei produtos e preços e, hoje (ontem), retornei para comprar um aparelho. O modelo que eu pretendia comprar acabou. Levei outro, cujo preço subiu de R$ 190 para R$ 220”.
A onda de calor obriga moradores da Região Metropolitana de BH a uma verdadeira via sacra em busca de umidificadores e climatizadores. O problema é que, devido à alta procura, os produtos estão em falta, ao contrário dos ventiladores, mais “populares”.

Pesquisando em oito lojas de eletrodomésticos na rua Curitiba (centro da capital), onde se concentram boa parte desse comércio, foi possível encontrar ventiladores custando de R$ 69 a R$ 279. 

Já os umidificadores, que têm preço médio de R$ 150, tornaram-se raros no mercado. Em nenhum dos estabelecimentos pesquisados o produto estava em estoque, e a previsão de chegar, quando há, é até a próxima semana. Em uma loja, no entanto, a peça do mostruário acabou fazendo a alegria da empresária Joana Carla, de 35 anos, moradora de Ribeirão da Neves, que arrematou o produto. 

“Na minha cidade não encontrei em lojas físicas, somente pela internet, mas ia demorar demais a chegar e o frete ia sair por R$ 50. Aí resolvi vir aqui no centro de BH, mas também custei a achar o umidificador. Acabei levando o do mostruário. Finalmente vou conseguir dormir à noite”, comemora. 

Os climatizadores também estão em falta. A cuidadora de idosos Dayana Paranho, de 37 anos, tem procurado o aparelho desde a semana passada, sem sucesso. “Fui em todas as lojas aqui do centro e todos falam que está em falta. Não sei mais onde procurar. Acho (climatizador) melhor que ventilador, que fica só jogando vento quente na gente”, lamenta Dayana.
Com Juliana Baeta
 

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