Com três golpes de faca no pescoço, o comerciário Victor Medeiros Borges matou nesta sexta-feira a sangue frio a ex-mulher, Fernanda Grazielly de Almeida Alves, de 24 anos, dentro do seu local de trabalho, o Terraço Shopping, um dos mais movimentados de Brasília, a 15 quilômetros da Esplanada dos Ministérios. Preso em flagrante, o assassino foi indiciado por homicídio duplamente qualificado, por motivo fútil, sem chance de defesa à vítima e com crueldade. Se for condenado, ele pode pegar até 30 anos de prisão.
Preso em flagrante, Borges foi recolhido à 3ª DP, do bairro do Cruzeiro. Ele disse à polícia que estava desesperado com a separação e planejava se matar, mas na hora mudou de ideia e golpeou a ex-companheira após discussão. Mas o delegado Mário Henrique Jorge não tem dúvida de que ele premeditou o crime e agiu com frieza. "Quem quer se matar não compra uma faca. Além disso, ele não golpeou a si, mas a mulher, na jugular, sem lhe dar a menor chance de defesa", explicou o delegado. "Era clara sua intenção de matar", acrescentou.
O crime ocorreu perto do meio dia, momento em que o shopping atingia o pico de movimento. Borges completou 29 anos nesta sexta, mas em vez de comemorar o aniversário, ele dispensou a festa oferecida pela família e foi matar a ex-mulher, da qual estava separado há cerca de seis meses. Tomado por ciúmes pelo fato de ela já estar em outra relação, Victor saiu de manhã de casa, na cidade-satélite de Samambaia, após o café, foi a um supermercado, comprou uma faca de 20 centímetros de lâmina e a afiou num amolador próximo, antes de ir se encontrar com Fernanda.
Ele chegou pouco depois das 11h30 à loja Puket, no shopping onde Fernanda trabalhava como vendedora. Esperou que ela terminasse de atender uma cliente e a abordou ainda dentro do provador. Após rápida discussão, segundo testemunhas, Victor a chamou de desgraçada, acusou-a de ter destruído sua vida e deu o primeiro golpe no pescoço. Sufocada com o sangue que entrava pela garganta, ela emitiu grunhidos que foram ouvidos pelas colegas, que chamaram a segurança. A vítima ainda tentou fugir, mas foi alcançada ainda dentro da loja e levou mais dois golpes no pescoço.
Briga
Os seguranças do shopping chegaram rápido, mas Fernanda morreu antes de receber socorro. O agressor foi detido pelos seguranças, até a chegada da Polícia Militar. Victor e Fernanda viveram uma relação conturbada durante cinco anos e tiveram um filho - Gabriel, de 4 anos. Após várias brigas, inclusive com agressões físicas e tentativas frustradas de reconciliação, ela registrou queixa em abril de 2012 e a Justiça determinou medidas de proteção a seu favor, com base na lei Maria da Penha.
Mas em 22 maio ela retirou a queixa e o casal tentou uma última reconciliação, que também não deu certo devido ao temperamento agressivo do parceiro, conforme relato de testemunhas. A guarda do filho estava em poder de Fernanda, o que aumentava ainda mais a depressão e a sede de vingança de Victor. A família, porém, o descreve como um homem tranquilo, embora estivesse muito deprimido desde a separação. "Estamos todos chocados com tido isso. Ele a amava muito e ninguém esperava que isso pudesse acontecer", afirmou o irmão Claiton ao chegar à delegacia.
Os aparelhos celulares do casal, apreendidos pela polícia, revelam que os dois trocaram mensagem na véspera. Por volta da 0h30 da madrugada, Fernanda ligou para Victor e deixou uma mensagem de parabéns, felicitando-o pelo aniversário e desejando que tivesse "juízo" e desse "um jeito" na vida. Perturbado, Victor praticamente não dormiu e pela manhã ligou para Fernanda e travou nova discussão. A seguir, brigou com a mãe e saiu de casa dizendo que iria se matar.
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