Como elas dão conta? Mães de muitos e 1001 tarefas por dia; inspire-se nessas histórias!

Patrícia Santos Dumont
16/03/2019 às 13:32.
Atualizado em 05/09/2021 às 17:50
 (Arquivo pessoal)

(Arquivo pessoal)

Ser mãe, cuidar da família, da carreira, preocupar-se consigo mesma e ainda encontrar tempo para se envolver em outras causas. Não há dúvidas de que conciliar a rotina para administrar mil e uma missões seja um desafio e tanto. Mas há quem tire de letra a arte de equilibrar pratos e transformar as 24 horas de um dia em tempo suficiente para “dar conta de tudo”. 

Estilista, ilustradora e aquarelista, Luísa Simão, de 33 anos, viu a necessidade de adaptar-se antes mesmo que a primogênita, Manuela, de 4 anos, nascesse. Encerrou as atividades do atelier especializado em vestidos de noiva e abriu, junto com o marido, arquiteto e músico, o Abê Stúdio Criativo, voltado para produtos personalizados, como aquarelas e gravuras infantis. 

Na casa nova, no bairro Santa Lúcia, zona Sul de Belo Horizonte, conseguiu desacelerar, flexibilizou a agenda e a entrega de encomendas e ainda pode escolher quando leva trabalho para casa ou transforma o estúdio numa extensão do lar. O segredo? Abrir mão de controlar tudo, diz ela.Arquivo Pessoal

 é mãe de Manu, 4, e de José, 2. Dona do próprio negócio, o Abê Stúdio Criativo, que gerencia ao lado do marido, Wagner, se esforça para compatibilizar as rotinas de mãe, esposa, mulher, dona de casa e empresária. Aos 33 anos, espera o terceiro filho

"Para mim, o mais difícil, um exercício diário. É dançar conforme a música, como diz minha mãe. Não adianta querer dar conta de tudo o tempo todo, tem que priorizar”. 

Ela conta que, recentemente, precisou entregar um trabalho urgente e, como era feriado, teve de levar as crianças junto. “Saímos às onze da noite, mas sempre respeitando o tempo delas. Montamos toda uma estrutura onde puderam se alimentar e dormir e, no fim, deu tudo certo”, relembra.

Redes sociais

Luísa também é mãe de José, de 2 anos, e está grávida de 3 meses. Nas redes sociais, onde contabiliza quase 50 mil seguidores só em uma das plataformas, compartilha cliques das aquarelas e ilustrações que tem feito Brasil afora (ela também dá cursos) e influencia outras mulheres a encararem a vida atribulada com força e coragem por meio das próprias histórias.

“Recebo muito retorno afetivo, sobretudo dos desabafos que faço. É uma quebra de protocolo falar de assuntos que viraram tabu”, comenta. Para dar conta do recado sem parecer uma heroína, Luísa conta com o apoio irrestrito do marido, Wagner, e de uma funcionária nas tarefas de casa. “Nunca tive babá”, reforça. 

A aquarelista lembra, ainda, que o esforço maior é para manter o equilíbrio entre todas as atividades sem que a rotina se torne pesada ou estressante. “Talvez, o maior desafio seja mesclar tudo de forma harmônica. Às vezes dá, às vezes, não. Tento levar da maneira mais leve possível”, afirma. 

“Quando engravidei refleti sobre que mulher gostaria de ser aos olhos da Manu: a que trabalharia demais, sempre sem tempo, ou a que viveria de forma intensa, mas tranquila, realizada profissionalmente” - Luísa Simão, aquarelista, mãe de dois, grávida do terceiro

Um dia de 20 horas 

Mãe de quatro filhos, professora de jazz, dona de casa e de loja. É como se descreve, num resumo rápido, Karina Flávia Mattar, de 35 anos. Formada em fisioterapia, atua como dançarina desde os 13 anos. Talvez por isso, mesmo após consolidar família e dar à luz a prole (de 12, 9, 6 e 3 anos), nunca pensou em pendurar as chuteiras e abandonar as funções que exerce no dia a dia. Pelo contrário. “Tive o primeiro filho ainda na faculdade. Os demais também vieram fazendo parte desse universo”, justifica. Arquivo Pessoal

Karina Flávia Mattar, de 35 anos, escolheu ter muitos filhos, mas não limitar a vida à maternidade. Professora de dança em escolas infantis, cuida da casa sozinha, utiliza as redes sociais para falar sobre vida real e, recentemente, abriu uma loja de roupas infantis

Para conciliar a rotina, que dura quase 20 horas – entre o horário que acorda e a hora que vai dormir –, não faz segredo: se desdobra em mil. “De manhã, cuido da casa e das crianças. À tarde, quando os mais novos estão na escola, vou trabalhar. Entre uma coisa e outra, concilio as aulas de dança em três escolas diferentes e resolvo algo que for necessário, como levar um deles ao médico. À noite, cuido do financeiro e divulgação da loja”, detalha, reforçando a parceria com o marido, pai dos quatro filhos.

Nas “horas vagas”, Karina ainda encontra tempo para cuidar do corpo, estudar inglês, preparar as refeições da família e dividir com os seguidores do Instagram a vida que leva, real, sem filtro. Entre um post e outro, fala sobre maternidade, vida a dois e sobre como conciliar as funções que se dispôs a dar conta. “Uso as redes sociais meio como passatempo, mas já percebi que há um retorno muito bom, uma troca interessante com outras mulheres que compartilham das mesmas dúvidas e dificuldades”, comenta.

“Sempre quis ser obstetra, então sempre soube que minha vida seria assim. Brinco que sou gerente de RH. Toda minha rede de apoio está acostumada a essa rotina de parto e maternidade” - Quésia Villamil, obstetra, mãe de 4

Entre o consultório e a família, verdadeiro quebra-cabeça para manter a rotina em ordem

Ginecologista e obstetra, militante do parto respeitoso, humanizado, dona de um instituto de cuidado integral à mulher, mãe de quatro filhos, Quésia Villamil, de 38 anos, é outro exemplo de mulher que consegue provar, no dia a dia, a teoria de que “dá para ter tudo”. 

Entre uma consulta e outra, um parto inesperado na madrugada ou mesmo durante o dia, concilia o cuidado consigo mesma, já que é supervaidosa, a gestão do Instituto Villamil, a atenção irrestrita à família e à casa e trocas e compartilhamentos diários com os mais de 35 mil seguidores do Instagram. Flávio Tavares

Ginecologista e obstetra, Quésia Villamil empresta o sobrenome a um instituto voltado para a saúde da mulher, no bairro Serra, em BH. Mãe de Esther – que nasceu e morreu em seguida, oito anos atrás –, Paulo, 7, Estevão, 5, e Rebeca, 1 ano e 3 meses, prova que dá para fazer tudo, incluindo gerenciar uma clínica, atender pacientes, cuidar da casa, do marido e de si mesma e ainda ser militante nas redes sociais

Para montar o quebra-cabeça em que a vida se transformou há sete anos, quando o segundo filho, Paulo, nasceu (a primogênita morreu horas após o parto), lança mão de um bom planejamento e de uma competente rede de apoio. “Construímos uma logística para que tudo funcionasse. Nossa rede de apoio – amigos, família, funcionários e parceiros, está acostumada e sabe que a rotina é essa”, detalha. 

Para não falhar em nenhum aspecto, ou ao menos evitar que aconteça, ela e o marido, advogado, compartilham as atividades das crianças, que têm rotina regular. “Marcamos reuniões e atendimentos fora dos horários delas para estar sempre presentes. A escola, priorizamos que fique com a gente. Outras atividades são divididas com funcionários”, descreve.

Há tempos, Quésia também reservou a agenda de sábado para ela e o marido. “Normalmente, vou ao salão, cuido da beleza, e o almoço é só nosso. Brinco que a gente tem que marcar na agenda horário para o casal, senão acaba priorizando filhos e trabalho e esquece de si mesmo”, relata.

Quebra-cabeça

A dentista Ana Carolina Goiatá, de 37 anos, também vem se desdobrando para encaixar todas as atividades nas 24 horas do dia. Proprietária da Goiatá Reabilitação Oral, clínica da família, em BH, atende pacientes, ministra cursos e cuida dos três filhos, Antônio, de 5 anos, e Henrique e João, de 4 meses. 

“Sinto-me bem completa. Não posso comparar com a profissional que era antes de ser mãe, que podia ficar no consultório até tarde, mas, ao mesmo tempo, não havia a satisfação pessoal de agora. Minha dica é para que as mulheres parem de se comparar com outras. Cada uma vive uma situação e cabe a nós fazer bem, nos dedicar e seguir com o que realmente dá prazer”, pondera. Lucas PratesAna Carolina Goiatá não curtiu a licença maternidade como grande parte das mulheres. Voltou ao trabalho em meio-período quando os gêmeos Henrique e João, de 4 meses, tinham menos de 2. Dentista e proprietária de uma clínica em BH, divide as 24 horas do dia entre atividades pessoais – incluindo o filho mais velho, de 5 anos – e profissionais

A expectativa de Ana para os próximos dois meses é manter o trabalho em meio horário e assim que os recém-nascidos completarem seis meses, retomar a jornada estendida. “É preciso focar em cada coisa, família é família e trabalho é trabalho. São duas coisas que me completam muito. Sinto-me muito feliz e orgulhosa de tudo o que conquistei”, resume. 

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